O que acontece na Península Coreana (Parte II)


Marcelo Augusto da Silva

http://marceloaugustodasilva.blogspot.com

O final da Guerra da Coreia não se deu como a maioria dos conflitos onde foi assinado um armistício, o que afirmaria a paz entre os envolvidos, nesse caso pode-se dizer que os dois países, embora não mais se enfrentaram diretamente, ainda vivem em estado de guerra.
Muitas tentativas de negociação de paz foram realizadas nesses longos anos, principalmente no início desse século, onde houve uma aproximação dos dois líderes e um “acordo” internacional sobre a usina nuclear norte-coreana de Yongbyon. Acordo o qual foi rompido, pois a tal usina teria sido reativada em abril desse ano com o objetivo de se extrair plutônio. Segundo o próprio governo da Coreia do Norte o país teria começado a extrair plutônio do combustível nuclear que armazena nessa usina, a fim de impulsionar seu poder atômico perante as “forças hostis” que no caso seria a Coreia do Sul, acusada pelos norte-coreanos de ameaçá-los constantemente, juntos com seus outros aliados, principalmente os EUA.
No final do mês de maio houve a confirmação de que a Coreia do Norte efetuou seu segundo teste nuclear e lançou pelo menos cinco mísseis de curto alcance (o primeiro ocorreu a quase três anos, em outubro de 2006), fazendo caso omisso às advertências dos EUA, Japão, Coreia do Sul e da própria ONU. Essas advertências fazem parte de uma série de decisões tomadas após a ocorrência desses testes nucleares fazendo parte de um pacote onde Japão e Coreia do Sul formaram uma equipe de gerenciamento da crise iniciada com esses testes, além do governo de Seul de aderir à iniciativa americana contra o tráfico de armas de destruição em massa (PSI, na sigla em inglês), que permite a abordagem de navios suspeitos. Hoje a península coreana é uma das áreas mais militarizadas do mundo, com um milhão de soldados do lado Norte, 655 mil do Sul e outros 28,5 mil militares americanos assentados em território de seu aliado sul-coreano desde o final da Guerra da Coreia.
Se caso ocorrer algum enfrentamento entre os dois lados certamente teremos um sério conflito e com grandes proporções. Num momento em que o mundo todo pugna pela paz e para que os erros do passado não voltem a acontecer, essa situação de desentendimento e de ameaça reflete uma mentalidade ultrapassada e um contexto bizarro, principalmente se for verdadeiro o motivo o qual os norte-coreanos dizem viver – segundo eles mesmos – em constante ameaça. Ao que parece a bestialidade de uma disputa bélica fundada na questão econômica e reafirmada na velha rivalidade entre socialismo e capitalismo parece ainda ameaçar o mundo. Não se contentam os paises capitalistas de terem o seu sistema implantado praticamente no mundo todo, de dominar todo o planeta e torná-lo cada vez mais degradado devido ao esgotamento de seus recursos naturais, ocorrência fatalmente exigida pela voracidade consumista e sua economia de mercado.
É claro que o que há de mais racional é evitar ao máximo o conflito e partir para uma negociação esquecendo os rancores passados e abrir o caminho para o entendimento entre as duas Coreias, embora se saiba o quanto os norte-coreanos são resistentes ao diálogo. O que torna a situação ainda mais trágica ou até mesmo cômica é ver os EUA se posicionarem como os benfeitores e acusar a Coréia do Norte de ameaçadora, escondendo o seu imenso poder bélico, inclusive nuclear também, e escamoteando as vezes onde ele próprio passou por cima da ONU e invadiu e aterrorizou outros países para manter suas opiniões e sua doutrina.

Leia aqui a parte I

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