O coordenador da Mixagem Web Rádio, Edimir Feriam, fala sobre a discoberta do rock and roll nos anos 80
“Rock’n’roll é tão fabuloso, as pessoas deviam começar a morrer por ele. (...) As pessoas simplesmente devem morrer pela música. As pessoas estão morrendo por tudo o mais, então por que não pela música? Morrer por ela. Não é bárbaro? Você não morreria por algo bárbaro? Talvez eu deva morrer. Além do mais, todos os grandes cantores de blues morreram. Mas a vida está ficando melhor agora. Não quero morrer. Quero?” - Lou Reed (ex-Velvet Underground)
Miguel Paião
O rock and roll foi uma das maiores, se não a maior, revolução cultural de todo o século 20. O rock trouxe novas preocupações e pautas ao mundo da música como o estilo e performance. Por sua representatividade e até mudança de comportamento de varias gerações, acabou ganhando um dia especial, o 13 de julho - Dia Mundial do Rock. Ele foi instituído em 1985 durante a realização do concerto “Live Aid” em benefício das vítimas da fome na Etiópia. Ele aconteceu simultaneamente nos EUA e na Inglaterra.
Foi pensando nessa data, próxima segunda-feira, que relembrei da minha adolescência quando vivia discutindo com os amigos lá no Jardim Aeroporto ou na Praça Oliveiros Pinheiros - antes da construção do Epidauro – qual era a melhor banda nacional de rock do Brasil: Legião Urbana ou Titãs; qual era a melhor música: Eduardo e Mônica ou Marvin. Particularmente sempre preferi Titãs à rapaziada de Brasília.
Mas, havia outras bandas que também entravam nas rodas de discussões como, por exemplo, Engenheiros do Hawaii, Nenhum de Nós, Uns e Outros (que já vieram em sanzé no Tartarugão), Ira!, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso e Ultraje a Rigor. Outro assunto que fazia parte da pauta dos debates era a pegada do som punk e o trabalho quase erudito de algumas bandas de heavy metal. Entre as duas vertentes me identificava mais com as bandas “de três acordes” como Inocentes, Replicantes, Garotos Podres, Ratos de Porão (antes da debandada de João Gordo), 365, Plebe Rude, e por aí vai.
No entanto, na peleja de gostos musicais também havia os pontos de convergência como no caso de bandas como REM e U2 (que estão na ativa e ainda mandam muito bem), The Cure, The Smiths, The Clash, Lou Reed, Joy Division (que depois se transformou no New Order) Bauhaus e Depeche Mode. Quando se conseguia comprar um disco (de vinil é claro) fazíamos questão de desfilar pela rua com ele debaixo do braço e depois de exibi-lo e fazer cópias em fita K7 para os amigos ouvia-se a exaustão.
É claro que essas discussões entraram anos 90 à dentro com Chico Science, Mundo Livre S/A., Rappa, Planet Hemp, Sepultura, Alice in Chains, Nirvana, Live, Red Hot Chilli Peppers e muitas outras.
Essas pequenas reuniões e visitas a casas de amigos, que pareciam bobas, serviram de alguma forma para ajudar na minha formação cultural-musical. É claro que contei com a ajuda de dezenas e dezenas de exemplares de revistas Som Três e Bizz.
Como não sou mais adolescente já algum tempo, não sei como funciona mais essa dinâmica, se ainda há essa troca de informações sobre novas bandas e tendências, letras, enfim, algo que valha a pena ouvir e discutir. Talvez isso venha ocorrendo em salas de bate-papo na internert, ou não. O fato é que continuo, sempre que posso, provocando alguém sobre o que tenho ouvido de novo e até o que voltei a ouvir.
O locutor e coordenador da Mixagem Web Rádio, Edimir Feriam, conta que seu contato com o rock and roll também foi nos anos 80, mais precisamente entre os anos de 1984 e 85. Disse que era muito ligado nas batidas da new wave (nova onda) tupiniquim do Metrô, Sempre Livre, Degradée, Gang 90, Magazine. Disse que nessa época foi tendo contato com o som e com as letras de bandas como Barão Vermelho, Titãs e também com as bandas de Brasília: Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude.
“Ouvi muito também o pessoal do Sul: Engenheiros do Hawaii, Garotos da Rua, Nenhum de Nós, Uns e Outros. Lembro também das bandas que faziam parte do “Rock Paulista” como Ira!, Ultraje a Rigor, Titãs e 365.
Já as bandas internacionais ele só começou a se dar conta a partir do primeiro Rock in Rio, em janeiro de 1985, quando vieram ao Brasil Queen, Iron Maiden, Whitesnake, Rod Stewart, Nina Hagen, AC/DC, Scorpions, Yes, The B-52’s, Ozzy Osbourne, entre outros.
Feriam lembra que até o Rock in Rio, as grandes estrelas da música internacional não costumavam visitar a América do Sul, por tanto, foi a primeira oportunidade dos brasileiros ver de perto os ídolos do rock e do pop internacionais – “foi um marco na história do rock”. Mas, segundo o próprio Feriam, sua cultura-musical começou a se ampliar e se solidificar a parir de 1988 quando ingressou na Cidade Livre FM para trabalhar como locutor. “Foi nessa época que descobri os clássicos do rock como Beatles, Stones, Led Zeppelin, Yes.” O rock é sempre uma surpresa, prova disso foi à descoberta de Feriam, já em 1994, da obra prima do The Doors. Contou que até então conhecia apenas duas músicas: Light My Fire e The End.
Explicou que estava fazendo uma pesquisa sobre banda para publicar na revista Mixagem (a marca Mixagem foi criada em 94 como veículo impresso que tratava de assuntos musicais), foi quando conheceu a história dos músicos e da banda. “Desde essa época passou a ser a banda que eu mais ouço, tanto é que em abril deste ano peguei o carro, sozinho, e fui a Ribeirão Preto, assistir a turnê de parte do Doors que passou pelo Brasil, foi maravilhoso quando vi Ray Manzarek com seu órgão sintetizador”.
Sobre a atual situação do rock no Brasil, o locutor tem uma visão bem realista. Avalia que o problema não esta no surgimento de novas bandas e sim na falta de espaço para esse segmento. “Quando adolescente, em meados da década de 80, havia espaço nos grandes meios de comunicação para o rock, hoje ele ficou muito restrito. Há muitas bandas boas, mas pouco espaço para divulgar seu trabalho. Exemplo é o Cachorro Grande, uma puta banda do Rio Grande do Sul que é muito pouco divulgada pela grande mídia. Já no cenário internacional a situação é outra e destacaria as bandas Coldplay e Radiohead”, finaliza.
Especial Dia Mundial do Rock: Hey Ho! Let’s Go
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