Emílio Antônio Duva
O carioca do bairro de Bangu, Ademir da Guia, nome e sobrenome de futebol brasileiro, antes de se tornar um dos maiores jogadores atletas do Palmeiras foi campeão brasileiro de natação pela equipe do Bangu em 1953. Nesta mesma equipe havia um outro nadador que seria famosíssimo nas lides sociais, e, policiais do violento Rio de Janeiro.
Seu nome: Mariel Mariscott de Matos (1940/1981). Tão logo Mariel tornou-se salva vidas e posteriormente policial civil, lotou-se no bairro boêmio de Copacabana. No início dos anos 60, numa de suas rondas, percebeu a ação de dois bandidos contra um cidadão. Desceu do seu veículo calmamente, aproximou-se dos criminosos e deu voz de prisão. Mas foi respondido com tiros. Não titubeou: Mariel acertou um meliante na testa. Em seguida pulou rapidamente de um carro para o outro e, finalmente, acertou o outro bandido.
Nascia ali o “Ringo de Copacabana”.
Tempos depois acabou entrando em choque com um delegado de polícia, que cismava que Mariel fazia parte do “solucionável” Esquadrão da Morte (ele não estava errado).
Até que numa audiência, Mariel acabou desacatando e ameaçando o delegado – sua atitude o levou à penitenciária do Rio de Janeiro.
No entanto, não se conformava com a pena imposta. Para ele polícia é polícia e bandido é bandido, já bradava o famoso Lúcio Flávio.
Até que num início de noite em que os policiais faziam troca da guarda e procuravam abrigo embaixo de uma marquise em razão da chuva, Mariel não pensou duas vezes, aproveitou a noite e escura, com relâmpagos e trovoadas para executar o seu plano.
No local onde deveria escapar, a sentinela andava de um lado para o outro. Eram 50 passos de ida e volta. Exatamente na volta, o guarda fica de costas, tempo suficiente para que ganhasse a passarela do terceiro andar. Então de imediato subiu na janela, deu um salto, e agarrou-se ao pára-peito; passou por um andaime, atravessou a sala de jogos. Depois se agarrou à parede e desceu para o andar de baixo, chegando à parte externa do prédio. Corpo reto, respiração ofegante, ele avançou até atingir a terceira janela. Todo cuidado era pouco. Em baixo estavam dois Policiais Militares conversando animadamente. Bastava uma olhada para cima e Mariel seria descoberto e fuzilado. A tempestade ajudava e os soldados se afastaram do local; ele continuou a saga ruma a saía. Na quarta e última passarela, Mariel dá um giro no corpo e entra triunfante no saguão da entrada principal. Ele estava apenas há uma escada de sua liberdade.
Ao ganhar as ruas, viaja para o Paraguai, mas volta ao Brasil 8 anos depois, desembarcando em Salvador (BA). Depois volta a morar no Rio e acaba sendo descoberto, mas desta vez tem o apoio dos bicheiros. Assume novamente o solucionático Esquadrão da Morte. Mas acaba sendo morto em uma emboscada na região central da Cidade Maravilhosa em 1981.
Ele mesmo atribuiu ao esporte à força física que lhe deu condições à cinematográfica fuga.
Coisas do esporte, coisas da vida.
Eu e o Futebol: Bolas, tiros e piscina
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