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Marcelo Augusto da Silva
marcelo3151@itelefonica.com.br
No dia 13, poucas pessoas sabiam, mas comemorava-se 120 anos da assinatura da Lei Áurea, que deu a condição de liberdade aos escravos. O fato ocorreu em 1888, um ano antes da Proclamação da República, mas a promulgação da lei não foi um ato tão democrático e tão humano como parece demonstrar ou como o ensino formal transmitiu durante muito tempo.
Anos antes à assinatura da lei já havia no Brasil um atuante movimento abolicionista, que inspirado nos franceses e ingleses, defendia as liberdades individuais e contava com a participação de jornalistas, políticos, poetas escritores e artistas. Junto ao movimento uma série de leis, que aos poucos foi limitando a escravidão, começou a ser aprovadas, como a Lei Eusébio de Queirós de 1850 que proibia o tráfico negreiro; a Lei do Ventre Livre de 1871, que concedia a liberdade às crianças filhas de escravas nascidas daquela data em diante e a Lei dos Sexagenários de 1885 que declarava livres os negros acima de 60 anos, lei que beneficiou principalmente os donos de escravos, pois estes se livravam dos custos de manter um cativo idoso e enfraquecido pela exaustão.
Mas porque de um momento para outro o país começa a pensar em leis que, gradativamente, vão contribuindo para a abolição? A grande questão na aprovação dessas leis, bem como a própria Lei Áurea, está na interferência maciça da Inglaterra que havia realizado a sua Revolução Industrial e, pensando unicamente em seus lucros, precisava cada vez mais de consumidores para seus produtos, e como escravo não recebe salário, era urgente transformá-los em assalariados. Além do mais fazia parte da mentalidade européia e de boa parte dos proprietários de terras no Brasil que a mão-de-obra assalariada é muito mais rentável que a escrava, uma vez que não se investe capital na aquisição de um empregado, nem se compromete em alimentá-lo, vesti-lo ou garantir sua saúde e moradia. Analisando esse aspecto constata-se que a Lei Áurea foi mais um mecanismo de proteção à camada privilegiada do Brasil e também do estrangeiro. No momento de sua promulgação não se pensou numa política de inclusão dos negros recém-libertos, muito menos em dar garantia ao trabalho, à renda e aos direitos de cidadão.
Anos de espoliação, preconceito e humilhação não conseguem ser apagados com um documento, tal como foi a Lei áurea, onde sua assinatura serviu mais como um subterfúgio que inocentava e perdoava o Estado português e o brasileiro pelo massacre cometido aos negros. Mais de um século após a sua assinatura não representou a liberdade do negro, tampouco o seu reconhecimento e o seu valor. Mais do que lembrar dessa data é preciso mudar o pensamento da humanidade e entender que, antes de tudo, o negro é muito mais que uma força de trabalho que se entregou na construção do país; é muito mais do que uma etnia que formou o povo brasileiro. É na verdade, além disso, tudo um povo digno, possuidor de uma riqueza cultural infinita, dono uma sagacidade inigualável de se manter vivo - no sentido mais amplo da palavra - diante das atrocidades cometidas contra ele e que iniciou o século 21 mostrando ao mundo que diferenças entre pessoas estão somente nas mentes pequenas de quem acredita que elas existem.
Fábio Missura
Professor de História da Feuc
fabiomissura@hotmail.com
No mês de maio de 2008, comemoram-se 120 anos de assinatura da Lei Áurea, que colocou fim à monstruosidade da escravidão no Brasil. Mas a mesma lei que libertou não tirou o ex-escravo da condição de “paria” da sociedade, condição historicamente imposta pelo branco. Uma condição que o negro não aceitou e até hoje luta contra ela.
Há alguns anos iniciou-se por parte do Governo Federal e em alguns Estados a implantação do sistema de cotas para os negros. Sem dúvida nenhuma um tema muito polêmico, e que hoje está sendo discutido no Supremo Tribunal Federal. Aqueles que se opõem ao sistema argumentam que as cotas, ao invés de promover a igualdade, acabam promovendo a desigualdade. Outro argumento bastante usual é o fato de que não existe raça e que muitos negros tem uma quantidade “x” genes europeus. Afirmam também que o sistema de cotas deveria ser para pobres e não exclusivamente para os negros e que o Governo deveria investir na escola pública. No meu entendimento esses argumentos não têm nenhuma sustentação pelo seguinte: primeiro devemos questionar o que é igualdade numa sociedade desigual? Existe igualdade neste país? O negro sempre foi tratado, no Brasil, como um igual ao branco? Segundo, e daí que negro brasileiro tem genes europeus? Isso apaga a memória e a experiência vivida por quem é discriminado pelo simples fato de ter a cor da pele diferente do outro? Isso apaga a história do negro no Brasil? Ah, já sei, o simples fato do negro brasileiro ter genes europeus faz dele um europeu. E ele é tratado como um europeu? Terceiro, a questão não é simplesmente social, porque o negro pode ser pobre ou rico e isso não apaga a cor da sua pele que é a referência de sua discriminação na sociedade. E quarto, sem dúvida nenhuma é necessário que se invista na escola pública para que ela dê acesso aos vestibulares da melhores universidades. Mas quando? Esse processo leva quanto tempo? Ou seja, o negro que espere mais 120 anos para a sua integração social! É urgente que se reconheça que neste país nunca existiu a democracia racial. E o sistema de cotas é o primeiro passo para que isso comece a acontecer.
Rafael Kocian
Formado em Educação Física pela Unesp
rafaelkocian@gmail.com
Já começou o Brasileirão 2008, não podemos dizer que ele está a todo vapor, já que clubes como São Paulo, Fluminense e Santos dão prioridade a Taça Libertadores da América, e Botafogo, Vasco, Sport dão prioridade a Copa do Brasil, colocando o principal campeonato nacional em segundo plano.
Mesmo sendo o Brasileirão 2008, alguns clubes cumprem punição referente ao campeonato do ano passado, por exemplo, na primeira rodada Flamengo e Santos jogaram com os portões fechados no Maracanã. Apenas jogadores, dirigentes e imprensa participaram do espetáculo. Um desperdício!
É justo? Sim, justo é cumprir uma punição, quer seja no mesmo campeonato ou no seguinte, não podemos acenar com a impunidade. As famosas invasões ao campo, diminuíram e muito a partir do momento que o clube passou a ser punido. Mas, vale pensar, o que o campeonato desse ano tem a ver com o do ano passado, se os jogadores mudaram, o técnico e tudo mais? Não caberia outra punição, como multa, doações de cestas básicas, etc.
Sinceramente não tenho a resposta, tenho outra indagação: não é um desperdício o Maracanã, onde cabe mais de 100 mil torcedores, vazio num clássico nacional? Por que não punir o clube com a não abertura dos portões para a torcida “normal” (para não chamar de torcida organizada), mas, além disso, o clube deveria colocar no estádio pelo menos 20 mil torcedores (20% da capacidade do estádio), vindos de asilos, creches, abrigo das crianças.
Imagine o espetáculo: Maracanã lotado, com idosos e crianças. Tudo isso por conta do clube punido: os custos com transporte, alimentação e segurança. Assim evitaríamos o desperdício no futebol e beneficiaríamos uma parcela da população que não tem acesso a esses eventos esportivos. Quem sabe a partir disso nos acostumamos a pensar em evitar o desperdício? De eventos esportivos, de alimentos, de energia, de água, de dinheiro público, etc.
Carol Ortiz
cacal.ortiz@hotmail.com
O diretor Doug Liman, depois de filmar a trilogia Bourne (A Identidade, A Supremacia e O Ultimato) e transformar Matt Damon num herói de ação, após dirigir Sr. e Sra. Smith com o casal mais badalado de Hollywood (Brad Pitt e Angelina Jolie), in veste agora no herói, ou anti-herói se preferir, Jumper.
O grande super poder desse personagem é a capacidade de teletransporte. Apostando no talento de Hayden Christensen, que fez Anakin Skywalker – o Darth Vader de Star Wars 2 e 3, (que realmente não desaponta). Liman mostra uma trama em que ainda garoto, o herói descobre o dom do teletransporte e quando adulto passa a ser caçado por paladinos (reparem em Samuel L Jackson).
Com o desenrolar da história, Jumper acaba assaltando um banco, mostrando assim que todo mundo tem seu lado negro (daí a grande dúvida: herói ou anti-herói?). O filme, que lembra muito um piloto (isto é, a apresentação de uma história que provavelmente se desenvolverá em outras continuações ou em uma série) talvez tenha a pretensão de virar série de TV ou franquia com, no mínimo, duas continuações.
O longa foi rodado em 11 países diferentes e o orçamento recebido para a produção totalizou US$ 85 milhões, o que é muito pouco para um trabalho dessa grandeza. Por esse motivo, foram obrigados a trabalhar sem uma equipe fixa para as filmagens, contratando em cada país um novo pessoal. Entretanto, esse fato não prejudicou a qualidade da obra.
É um longa divertido e deve ser visto sem grandes expectativas. Bons efeitos especiais e boa interpretação. É ideal para fãs de quadrinhos.
Marco Antônio Soares de Oliveira
Jornalista e escritor
Desde os bancos escolares já tinha como livro de cabeceira “Geografia da Fome” (o dilema brasileiro: pão ou aço), do mestre Josué de Castro, que traça com fidelidade o perfil da fome em nosso país. O livro escrito há mais de 50 anos é sempre atual. Tenho em mãos o exemplar de 2005 editado pela Civilização Brasileira, do Rio de Janeiro. Apresenta esta nova edição o professor Milton Santos, geógrafo dos mais ilibados defensores do meio ambiente e dos direitos humanos. Como disse antes, o livro é tão atual que o autor abordando o capítulo sobre a Amazônia já dizia (pág. 42) que “Desde os primeiros tempos de ocupação do vale amazônico, que o reino de Portugal começou a incentivar nesta região da colônia “a colheita da droga” para compensar o seu desapontamento comercial com a colheita da especiaria do Oriente, dificultada em extremo pela concorrência de outros povos também navegadores traficantes; a coleta das plantas de temperos medicinais e de vícios que abundavam na floresta amazônica”.
Dizemos nós agora que o furto e a exploração de plantas pelas multinacionais prosseguem até hoje descaradamente diante da vista grossa de nossas autoridades. Sobre a área nordestina o autor diz na pág.199 que “com as secas desorganiza-se completamente a economia regional e instalá-se a fome no sertão. Nestes sinistros períodos as culturas desaparecem dos roçados com as sementes enterradas na poeira esturricada ou com as plantas tenras dessecadas pela soalheira. O pasto seco se esfarinha e é arrastado pelos ventos de fogo, ficando o gado à mingua de água e alimento. Diz que nessa época acontece o despovoamento da região não só dos animais domésticos, como os que fazem parte da fauna nativa, que emigram ou são dizimados.
A obra de Josué de Castro ajuda a gente refletir como alimentar a humanidade neste século. O ser humano tem a preocupação constante de obter alimento para sobreviver mais um dia. Desde que foi descoberta a agricultura, nossa população explodiu. Direta ou indiretamente, quase tudo que comemos se origina na agricultura. Entre 1900 e 1950, a população humana cresceu a uma taxa correspondente a 10 milhões de pessoas por ano. Entre 1990 e o ano 2000, essa taxa subiu para 100 milhões de novas bocas por ano. Segundo o biólogo Fernando Reinach, em artigo no Estadão de 24/04/08, pág. A28: “Hoje somos 6 milhões de pessoas e a população cresce mais lentamente. Nos próximos 25 anos, teremos que aumentar a produção de alimentos para acomodar 90 milhões de bocas. Some a esse desafio a tarefa de acabar com os 500 milhões de famintos.” O economista e demógrafo inglês Thomas Malthus (17666-1834) previu, no século XVIII, que no futuro não haveria comida em quantidade suficiente para todos. Como informa a reportagem de R.F. na revista Veja, de 23/04/08, pág.68 que o Banco Mundial previu que 100 milhões de pessoas poderão submergir no clima que separa a pobreza da miséria absoluta devido ao encarecimento da comida. Diz a reportagem que a alta do preço dos alimentos é que assusta, mas não condena o mundo à fome. “ Apesar de tantos fatores a empurrar para cima o preço dos alimentos, é preciso dizer que as notícias não são exatamente ruins quando se pensa no futuro da humanidade. “Em alguns países, produzem-se alimentos suficientes para toda a população nacional e para exportação. Então a questão não é o tamanho da população, mas a tecnologia que está sendo usada e o investimento que está sendo feito”, disse a Veja o diretor-geral da FAO, Jacques Diouf.”
Lembro-me de um filme que assisti há muitos anos, não me recordo bem do nome, que tratava desse assunto: a fome mundial...Numa cidade americana, a população ia a uma praça em determinada dia da semana adquirir o chamado “caldo verde”. Um dos habitantes suspeitou desse alimento, pois não havia nada de comida na face da terra e no fundo dos mares. Seguiu o carro da Prefeitura que trazia o “caldo verde”. Descobriu: era constituído de cadáveres que misturado a cor, tornavam o alimento substancial para o sustento da população. Quer dizer: o próprio povo alimentando-se de seus próprios mortos. Daí os chefes da fabricação queriam eliminar o descobridor para não espalhar a notícia da dura realidade: a não existência de mais alimentos no planeta. Será que ainda neste século chegaremos a esse ponto?