Marcelo Augusto da Silva
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Se o Lennon morreu, eu amo ele/ Se o Marley se foi, eu me flagelo /
Elvis não morreu, mas não vivo sem ele / Kurt Cobain se foi e eu o venero.
A necrofilia da arte – Gilberto Gil
É inquestionável a influência que os ídolos – sejam eles uma única pessoa ou um grupo - exercem sobre seus fãs. Muitos deles conseguem ultrapassar os limites regionais e se tornam personalidades universais, atingindo milhares de pessoas em toda a parte do mundo, onde a adoração a ele é praticamente a mesma que ocorre em todos os outros lugares.
Em vida um ídolo possui um carisma descomunal (uns durante um curto espaço de tempo, outros não) o qual arrasta multidões, dita comportamentos, costumes, lança modas, vocabulários e estilos. Depois de morto esse fascínio é potencializado, tornando o ídolo mais ídolo ainda.
Foi assim em inúmeros casos e agora se repete com o rei dos gritinhos e do rebolado, que mesmo negando sua própria origem, se colocando como uma divindade e se envolvendo nos mais sórdidos escândalos, conseguia manter um grupo imenso de fiéis seguidores. Nesse momento, certamente muitos outros já se tornaram seu fã inconscientemente pelo motivo dele ter morrido.
Provavelmente em vida não haveria tantas homenagens e dedicações a ele, mesmo que fosse no auge de sua fama. No entanto esse caso não é um fato isolado, pois é comum muitos tornarem-se devotos somente após a morte de um artista e aqui entra o papel da mídia instigando a adoração pois logo após o anúncio da morte do cantor houve na imprensa, em todos os seus formatos, uma avalanche de publicações, reportagens, noticiários e afins sobre o falecimento da estrela da música pop, onde as empresas divulgaram o acontecimento não somente para informar, mais sim exploraram a sua morte para lucrar mais. Um exemplo dessa ocorrência é encontrado no caso clássico de Raul Seixas, em que até hoje suas músicas são pedidos obrigatórios a qualquer um empunhe um violão, seu rosto está sempre estampado na camiseta de alguém ou então outros interpretes estão sempre brigando para gravar suas músicas; em vida ele era tido (não para seus admiradores leais) como lunático, viciado e subversivo.
Nos casos em que a morte da personalidade acontece digamos num momento precoce e inesperado em que acaba interrompendo a vida do astro ela vai favorecer ainda mais a comoção de seus fãs, ou então a conquista de outros que possivelmente não viam nele nada de extraodinário. Uma relação de um fã para com o ídolo morto é sempre pautada por esse sentimento de devoção exagerada, fanática, carregada e histérica.
Para quem não quer ficar próximo à tietagem, e à rasgação de seda, principalmente a quem não mereça tanto, esse é um momento de se afastar dos meios de comunicação, pois vai levar um bom tempo para essa onda passar, a menos que outro caso aconteça para desviar a atenção geral.
Mitos póstumos
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