Eu e o Futebol: Bill Maravilha


Emílio Antônio Duva

Que no mundo do futebol tínhamos excelentes goleiros e pontas esquerdas, isso é verdade, tínhamos sim. Que na “galera” temos desembargadores a garis, isso é verdade também. Que alguns futebolistas formaram-se em Direito (Geninho), Administração de Empresas (Junior e Paulo Sérgio), Odontologia (Bazaninho), Medicina (Sócrates e Afonsinho), e que 99,9% dos demais são semi-analfabetos, isso também é verdade, eles são. Mas, neste mesmo mundo do futebol tivemos aqueles que foram verdadeiras perolas. Principalmente aqueles mais simples de Q.I. (Quociente de Inteligência).
Bill (ex-centroavante do Goiânia, Inter de Porto Alegre, Vasco da Gama, Vila Nova (jogou junto com Carmelito) destacava-se pela sua habilidade, bem como algumas perolas:
“É um orgulho jogar na cidade onde Jesus Cristo nasceu (entrevista a uma rádio de Belém, no Pará)”; “Comigo ou sem migo o time vai vencer (vetado pelo Departamento Médico em um jogo de futebol)”; “Agora só falta comprar os azulejos. Senão, compro vermelejo ou amarelejo (durante a construção de uma casa)”.
No América do México, deu uma entrevista – coletiva local. Salão de imprensa apinhada de repórteres, um fotógrafo aponta a sua câmera para Bill, e, devido à dificuldade de acesso ao jogador grita:
- Hei Bill? Hei Bill...Yashica…
- Ah, ela ficou no Brasil. Mas chega semana que vem. Respondeu. Chica é o apelido da esposa de Bill.
Certa vez teve a honra de ser convidado pelo então governador de Goiás para um jantar de cerimônia, um dos mais concorridos que aquele estado já viu. Bill chega impecável, da cabeça aos pés.
Mas, em determinado momento daquele chic encontro, sua excelência o governador pega o microfone e convida o atleta:
- Senhoras e senhores... tenho a honra de convidar o artilheiro Bill para este jantar. Bill venha jantar conosco.
Ao que Bill responde:
- Obrigado senhor, mas já comi uns ‘conosquinhos’ agorinha mesmo.
Bill foi campeão e artilheiro goiano em 85, pelo Atlético Goiás. Morreu atropelado de bicicleta no dia 22 de setembro de 2002. Pobre e sem profissão alguma. Fecham-se as cortinas e termina o grande espetáculo. Coisas da bola, coisas da vida.

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