Paulínia: um portal para nosso cinema


Marcelo Augusto da Silva
http://marceloaugustodasilva.blogspot.com

De uma cidade pequena no interior do estado não se pode esperar que ela ofereça algum incentivo ou espaço à cultura; mas para Paulínia isso é uma realidade. Fundada em 1964 e contando hoje com sessenta mil habitantes, ela é um exemplo de que há como investir nesse setor e atingir bons resultados.
Independente de ser politicagem ou não esse município merece reconhecimento, pois de alguns anos para cá muito se tem feito para impulsionar o cinema nacional. Hoje a cidade conta com um estúdio, uma escola de cinema, cursos gratuitos na área cinematográfica e afins que estão dando oportunidades a muitos jovens e um mega teatro equipado com todos os recursos tecnológicos do momento com uma capacidade para mil e trezentas pessoas. Tudo isso – cujo investimento passa dos cem milhões de reais – transformou atualmente o município num pólo cinematográfico, capaz de dar suporte para realização de grandes produções.
Provavelmente esse investimento teve apoio das empresas ali instaladas, principalmente a Petrobrás que sempre apoiou o cinema nacional, já que a cidade abriga grandes refinarias de petróleo e a arrecadação do município com isso atinge altos níveis. Nada mais coerente do que devolver esse dinheiro à população.
Na semana do dia 09 a 16 desse mês a cidade realizou o II Festival Paulínia de Cinema que apresentou gratuitamente grandes filmes ao público que variavam entre longas e curtas-metragens e também documentários. O evento concentrou várias pessoas da área, as quais puderam discutir sobre as obras, deu espaço a novos talentos do cinema e também a oportunidade de muitos filmes serem divulgados e de disputarem um prêmio; além disso, o festival ofereceu uma mostra paralela com a exibição de outros longas-metragens, antes das apresentações dos concorrentes, também com entrada franca à população. No dia da premiação, onde o vencedor foi o longa “Olhos Azuis” de José Joffily, houve um show de encerramento exclusivo para os convidados com os Paralamas do Sucesso, cujo vocalista teve um documentário sobre sua vida disputando o festival, “Hebert de Perto” de Roberto Beliner e Pedro Bronz, que acabou levando o prêmio de melhor direção de documentário. No dia seguinte ao término do festival os Paralamas realizaram outra apresentação, também gratuita, desta vez para toda a população no sambódromo da cidade para um público de mais de seis mil pessoas.
Certamente no futuro a cidade deverá cada vez mais investir no cinema que terá grande possibilidade de ver nascer ali grandes produções, além do que cada vez mais o festival e a atividade cinematográfica só terão a crescer. Esse é um exemplo do bom emprego do dinheiro público, mesmo para aqueles desinformados que acham que lazer e cultura não são essenciais para uma vida de qualidade ou então que só se deva aplicar os recursos naquilo em que se obtenha um resultado financeiro; contrariando essa idéia equivocada o cinema em Paulínia está também a gerando renda e emprego.

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