Emílio Antônio Duva
Gonçalo Leme da Silva era seu nome. Apelido artístico: Roberto Silva, o “Olho Vivo” da Rádio Bandeirantes de São Paulo. Repórter de campo, plantão policial e dono de uma voz bonita e inconfundível. Fui apresentado a ele no campo da A.A.R. pelo amigo radialista Neneco, em 1982.
Do inesquecível repórter conto a seguinte história:
Em meados dos anos 60, o rádio mostrava, dentro da sua magia, todo o espetáculo do jogo de futebol. Fiori Gigliotti era o “monstro” desta ímpar comunicação. E num jogo entre o Paulista de Jundiaí e o Santos, lá estavam estes senhores para mais um formidável trabalho.
Fiori na cabine da Band e Roberto Silva no gramado. Um sol de lascar mamona. Roberto fustigado pelo trabalho da noite anterior, em São Paulo. De repente ele vai até os vestiários para conseguir algumas entrevistas e buscar escalações dos times, quando vê no chão do corredor um enorme galão, suando, trincando, de um glacial suco de laranja. Não pensou duas vezes, tomou quase todo suco. O que ele não sabia é que dentro do galão havia dezenas de bolinhas energéticas dentro - ou seja, o famigerado doping. Saciado, anima-se e dirige-se ao campo. Lá, no gramado, ele começa a faalr as escalações, arbitragens, público pagante, temperatura, latitude, longitude e... começa o jogo. No ar, a liderança de audiência absoluta, e num surto, Roberto Silva assume o papel de Fiori e começa a narrar o jogo:
- Bola com Pelé, que passa por um, passa por dois, entrega para Coutinho, que passa...
- Pára Roberto, quem narra é o Fiori e não você... está maluco? Diz apavorado o ajudante carregador de fios, ao seu lado.
- Que nada, hoje não tem para ninguém. Eu vou dar um show. Responde o repórter.
- Entra Zito, que passa para Pelé... Imediatamente o estúdio, em São Paulo, corta-lhe o som do microfone. Levaram-no para o vestiário, deram-lhe um banho super frio, e um copo de leite morno para cortar o efeito das bolinhas, ou anfetaminas, que no submundo do futebol foi muito consumida. E que naquela tarde de calor alterou nosso saudoso Roberto Silva, mineiro de Poços de Caldas, onde hoje está sepultado.
Coisas da bola, coisas da vida...
Eu e o Futebol: As “bolinhas” e laranjada
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