Carol Ortiz
cacal.ortiz@hotmail.com
Nos polêmicos anos 60, enquanto o Brasil passava por um período de intensa luta política e que intelectuais e artistas se posicionavam (na maioria das vezes) esquerdistas, sempre em prol da população, surgiu um cara totalmente apolítico, embora tentasse provar exatamente o contrário, que só estava preocupado em se divertir e cultivar as raízes da malandragem, não foi exatamente a interpretação que fizeram de Simonal.
De origem humilde, filho de empregada doméstica e ex-cabo do exército, o bonitão e boa-pinta, dono de uma das mais belas vozes da época, Wilson Simonal em parceria com o compositor Carlos Imperial deram origem à pilantragem, gênero musical interpretado com maestria pelo cantor, que não fazia questão alguma de passar imagem de bom moço.
Um de seus maiores dons era o domínio que exercia sobre platéias enormes, colocando todos para cantar e dançar. Com sua natural simpatia e jeito da malandragem, fazia todos participarem de seus shows sem muito esforço, fazendo grandes interações com o público. Não posso deixar de fazer parênteses aqui para falar sobre a mais bonitinha de todas suas canções (deixando de lado toda a imparcialidade): “mamãe passou açúcar em mim”. Essa música merece ser pesquisada por quem ainda não conhece porque é a típica representação do homem sedutor – quando era bebê, como mamãe não tinha talco, passava açúcar nele, e quando cresceu seu corpo ficou tão doce que todas as mulheres o perseguiam. Como conseguimos notar, foi com essa letra que nasceu a verdadeira pilantragem. Mas, voltando ao documentário, ele relata toda a sua trajetória até o auge da carreira e seu sumiço repentino. A falta de shows e novos trabalhos, levantaram a suspeita de sua ligação com o DOPS – departamento da ordem política e social, ou seja, ele seria um possível dedo-duro do governo militar da época.
Esse fato, ou boato (como prefiro acreditar, pois nada há de realmente concreto) fez com que qualquer músico se negasse a entrar em um palco para acompanhar Simonal, e isso o baniu da vida artística.
É exatamente esse ponto que o filme narra. Simonal – ninguém sabe o duro que dei é uma ótima oportunidade para conhecer uma época difícil do país, um grande artista e também, para fazer uma reflexão sobre que nada, por melhor que seja a intenção, deve ser imposto à uma sociedade, porque os prejuízos podem ser terríveis. Mesmo a esquerda da época, que tinha valores morais e que lutava por uma liberdade geral, conseguiu ser a vilã da história quando o assunto é imposição de seus ideais.
Assistam!
Novo documentário sobre a vida de Simonal
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