Logosofia: O mau humor

Daniel Rodrigues

Dias atrás presenciei a mudança repentina de humor em um ser que estava próximo de mim. Estava alegre, bem humorado; de repente tornou-se muito mau - humorado.
Essa transformação não me surpreendeu, porque durante muitos anos eu também passava amiúde por semelhantes transformações. Uma palavra mau interpretada, uma insinuação jocosa, uma contrariedade, eram suficientes para provocar uma mudança em meu estado interno manifestada pela irritabilidade, pelo mau - humor.
Posso hoje afirmar que essa mudança de humor resulta da reação de pensamentos – deficiência – suscetibilidade, amor próprio, vaidade, e t c... Tudo vai bem até que uma palavra, uma brincadeira, ativa esses pensamentos.
Pretender reverter o mau-humor do semelhante com explicações, conselhos, é utopia. Na realidade, em assim procedendo, podemos estar alimentando estes pensamentos. Os câmbios somente se realizam através da consciência, e esta somente se forma com o conhecimento, resultado do estudo e da experimentação. É o próprio ser que tem q observar o mau que esse estado provoca em si e no semelhante. Por outro lado, já percebi que o exemplo, a menos que haja uma disposição consciente de segui-lo, é inoperante. Mas, como atuar para evitar o incômodo do mau-humor, tanto para o mal humorado como para aqueles que ficam sujeitos a suas intempéries? É importante ter sempre em mente que todos nós temos razões. Nossos atos são determinados por razões reais ou imaginárias. Como a razão depende do nível de conhecimento que o ser possui, o comportamento de cada um depende até do conceito de conhecimento que norteia sua vida. Aquele que tem a verdadeira razão observa e constata facilmente a fragilidade da razão do outro. Esse conhecimento é basilar para a convivência. Identificada a razão frágil, imaginária, é prudente evitar que o ser se exponha à sua manifestação. Quanto mais frágil for à razão maior será o empenho em defendê-la, maior será o desgaste, maior será a probabilidade do surgimento do mau - humor. Quando possuímos muita razão é um ato de caridade dar razão quem tem pouca ou não a tem.

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