Faith No More no Brasil


Carol Ortiz
cacal.ortiz@hotmail.com

Uma das bandas que mais marcaram minha adolescência foi aquela que tinha um vocalista hiper doido, com cabelos longos, gestos esquisitos e muita irreverência. Era uma mistura de ritmos até então desconhecidos: metal alternativo, funk metal, rapcore e rock experimental, uma salada incrivelmente marcante (lembram do piano em conjunto com o vocal hip hop de Epic, um dos grandes sucessos do grupo?).
Formado desde 1982 em São Francisco, Califórnia, o grupo fez sucesso nos anos 90 logo após a entrada do frontman Mike Patton que, devido às suas esquisitices, ganhou fama pelo mundo afora. Interessante é saber que ele apenas chegou a integrar a banda algumas semanas antes da gravação de The real thing, um dos grandes trabalhos da equipe. Uma das curiosidades do Faith no more está na sua intencionalidade de irritar e infernizar os fãs. Desde o início, quem assistiu um dos seus inúmeros shows no Brasil, presenciou Patton cantando o refrão de Pump up the Jam do terrível Technotronic só para irritar e satirizar a situação. Além de tudo, eram hilários também.
Certa vez, gravaram War Pigs do Black Sabbath no álbum FNM – live at Brixton Academy. A razão para isso não foi devoção à banda amiga, mas sim porque a equipe de Ozzy Osbourne estava com a credibilidade totalmente balançada, para não dizer quase zero, naquele momento. Entretanto, o tiro saiu pela culatra, porque conquistaram sem querer o respeito dos fãs do heavy metal. Ponto (sem intenção) para eles.
Mas as peripécias continuaram. Mais para frente regravaram a melosa balada dos The Commodores, Easy na mesma esperança de irritar os fãs.
Só mesmo loucos assim para agir dessa forma. E essa é uma das grandes características da banda que, mesmo sem atividade, ainda continua com seus velhos fãs (bom, eu sou uma eterna, mas não tão velha, fã!). Quando gravaram o LP Angel Dust em 1992, a sonoridade já era outra. Dessa vez deixavam para trás o rótulo de funk metal dedicando-se a temas mais mórbidos e sombrios (ouçam A small victory) com o propósito de assustar possíveis fãs temporários, já que o sucesso era grande nessa época. A proposta que tinham em mente era: “ouçam o som porque gostam, não porque estamos na moda.”
Enfim, no meio de tantas histórias, podemos dizer que a banda tem uma biografia digna para entrar para a história do rock como uma das mais inusitadas e divertidas de todos os tempos.
Mas, finalmente, chegamos à atual turnê da banda no Brasil. Começou ontem, dia 3 de novembro em Porto Alegre, seguindo para o Rio de Janeiro dia 5, São Paulo dia 7 e Belo Horizonte dia 8. The second coming promete ser um super trabalho!

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