Marcelo Augusto da Silva
http://marceloaugustodasilva.blogspot.com
Como sempre venho afirmando os governos pouco investem na área social e muito menos ainda na cultural, deixando as pessoas, principalmente das pequenas cidades, carentes de eventos e consequentemente, descontentes.
Nesse final de semana, porém algumas cidades do interior do estado de São Paulo deixaram o marasmo de lado e puderam desfrutar 24 horas de uma programação cultural de qualidade e gratuita, recheada de atividades dos mais variados estilos como música, cinema, teatro e dança.
Nossa região que já tinha sido presenteada com a realização do primeiro Fórum Social da Mogiana em São José do Rio Pardo teve como complemento, na cidade de São João da Boa Vista, a Virada Cultural Paulista. Beneficiada pela estreita ligação entre o governo estadual e o município – ocupante de cargo político, membro do mesmo partido da situação e que, é claro, tinha lá seus interesses – a cidade de São João pôde contar com essa festividade.
Foram diversos shows espalhados em três palcos distintos, algumas apresentações aconteceram de forma simultânea, dando oportunidade ao povo de assistir algo de nível indiscutivelmente superior, bem diferente das tão enfadonhas atrações populares.
Com um público pequeno e tímido durante a parte diurna do evento, mas com uma grande participação na programação noturna, e também em determinados shows, a Virada Cultural atendeu todos os gostos, passando do popular ao erudito, do infantil ao adulto e, do comercial ao alternativo. Nomes como Arrigo Barnabé, referência na música paulistana da década de 1980; Violeta de Outono, também um ícone da música progressiva brasileira; Trio Virgulino, que trouxe o autêntico forró; Ultraje a Rigor, com mais de vinte anos de carreira ainda cultiva fãs de todas as idades; Almir Sater, com um show mais popular levou às ruas uma quantidade significativa de público; e outros do cenário underground que esbanjaram talento e originalidade. Essa fusão de estilos fez com que a população pudesse ter uma overdose cultural e também tivesse contato com o melhor das manifestações artísticas.
Bom seria se outras cidades pudessem receber esse circuito cultural; ao todo foram vinte municípios participantes e São João foi um dos raros com menos de cem mil habitantes.
Se não houvesse gastos inúteis nem desvio de verbas dos cofres públicos, se os verdadeiros artistas não ficassem à margem dos grandes eventos, se não houvesse tanta ganância das gravadoras e emissoras que só querem alienar e faturar com o besteirol, poderíamos ter mais eventos culturais acontecendo pelo estado.
Seria também uma ocasião de mostrar que não existe apenas um segmento artístico ou um estilo musical. Não há como querer que as pessoas apreciem ou valorizem o diferente se não têm oportunidade de conhecerem o que acontece longe das rádios, televisões e rodeios.
Um final de semana cultural
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