Elementar, meu caro Watson


Carol Ortiz
cacal.ortiz@hotmail.com

Há alguns raros casos na história do cinema e literatura em que a criatura supera o criador. Por exemplo, todos sabem que o professor Robert Langdon foi criado por Dan Brown, que Hercule Poirrot foi concebido por Agatha Christie, Capitão Nemo veio da imaginação de Julio Verne, e assim por diante. Entretanto, Sherlock Holmes ganhou uma força tão surpreendente que muitas vezes se passa por uma pessoa real. São poucos os casos assim – Drácula é um clássico exemplo.
Quando bem mais jovem, era fã dos livros de Sir Arthur Conan Doyle – especialmente O cão dos Baskervilles, leia quem ainda não conhece, é o melhor de todos – e desde aquele tempo, sempre acreditei piamente que Holmes tinha existido de verdade. Ainda lembro o dia em que li, pela primeira vez, uma curta biografia de Doyle e a explicação amarga de que um dos seus mais famosos personagens era ficção. Minha adolescência desmoronou ali mesmo!
Não é a primeira vez que o detetive aparece no cinema – alias, são inúmeros os filmes- mas Guy Ritchie fez uma mistura que vale a pena investir algumas horas de nossa vida para dar risada do sarcástico Holmes (Robert Downey Jr.), do sensual Dr. Watson (o lindo Jude Law) e da trapaceira Irene Adler (Rachel McAdams).
A história é bem próxima dos livros de Doyle: mistério, assassinato, sobrenatural, ciência, inteligência e muito sarcasmo – aliás, esse foi o toque especial da obra. Holmes continua tocando violino muito mal, ainda é depressivo, com muitas dificuldades de relacionamento interpessoal e o mais puro sangue britânico. Entretanto, ele agora é lutador de boxe, apaixonado pela ação e com uma forma física um pouco diferente da apresentada aos fãs em Um estudo em vermelho, o livro que mais detalhadamente narra o perfil físico do detetive: 1,80m, muito magro, nariz agudo de águia e olhos penetrantes – exceto quando estava sob o efeito de cocaína. Robert Downey Jr. não é tão alto, é muito charmoso e em nenhum momento aparece usando drogas (com exceção de alguns medicamentos pesados). Entretanto, ele tem uma coisa muito importante: o raciocínio brilhante e veloz, o senso de humor duvidoso – o que o torna engraçado – e o carisma da personagem.
Assistam! É bom.

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