Eu e o Futebol: A garra de Modesto e título paranaense de 68


Emílio Antônio Duva

Em julho de 2006, as vésperas de mais uma Copa do Mundo, fui com João Modesto à vizinha cidade de Poços de Caldas (MG), visitar o renomado craque de futebol Mauro Ramos de Oliveira. Mauro foi jogador do Santos Futebol Clube, junto com Modesto (que brilhou também na Prudentina, tornando-se o craque revelação de 1964, do Campeonato Paulista) e, capitão da Seleção Brasileira de Futebol, Bi Campeã do Mundo. Nesta memorável viagem, meu estimado amigo Modesto contou-me uma, das inúmeras de suas passagens com o futebol. Pois bem, tão logo Modesto teve um incidente numa partida internacional pelo Santos (time que mais viajou exibindo-se pelo mundo) na qual perdeu a visão do olho direito, ficou afastado um ano de suas atividades. Mas com uma “raça” fenomenal colocava seu preparo físico em dia, e, logo acerta sua transferência para o Coritiba Futebol Clube (PR). Lá chegando, e, mostrando vigor físico avantajado (teve que esconder sua deficiência visual) fatura a camisa 3 do belo esquadrão. Titular absoluto, campeão invicto em 1968, conquista o prêmio de zagueiro do ano no Paraná. Vida que segue... Num treinamento de um time pequeno do interior do estado paranaense, o técnico dirige-se aos seus pupilos e solta:
- Pô, não entendo este futebol. Tenho aqui 4 zagueiros titulares, 4 reservas e mais 4 aspirantes, e, ninguém aqui é competente. Assim não dá... O Coritiba tem um zagueiro que joga o fino da bola, com um olho só, e estes aqui com 2 não jogam nada. Diante desta revelação, Modesto foi chamado às pressas ao Departamento médico do clube, e contou a sua historia. Tomou um belo puxão de orelhas e despediu-se do futebol num jogo contra o Corinthians, de Rivelino, no qual foi expulso ao peitar o famoso arbitro Airton Sansão Vieira de Moraes. Coisas da bola, coisas da vida.

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