Artigo: Cemitérios sem Mistérios

Marco Antônio Soares de Oliveira - Jornalista e escritor

O PROFESSOR DIMAS DOS REIS RIBEIRO É PREFEITO DA CIDADE DE ALTEROSA (MG) E AUTOR DA OBRA “CEMITÉRIOS SEM MISTÉRIOS: A ARTE TUMULAR DO SUL DE MINAS”. ELE ESTARÁ EM SÃO JOSÉ NO PRÓXIMO DIA 7, PARA PROFERIR UMA PALESTRA DURANTE O EVENTO “FILOSOFIA EM DEBATE” - NO MERCADO MUNICIPAL - A PARTIR DAS 19H30.

Acabo de folhear o denso volume do professor Dimas dos Reis Ribeiro, “Cemitérios Sem Mistérios: a arte tumular do Sul de Minas. Venho acompanhando a trajetória do companheiro Dimas, também atual prefeito de Alterosa (MG), há longo tempo. Esse livro mesmo foi o resultado da reescrita de sua Dissertação de Mestrado, defendida na Unesp pelo colega historiador. A apresentação do Prof. Dr. Ivan Ap. Manoel, da Unesp de Franca, esclarece melhor a obra: “O cemitério não é apenas uma instituição higienizadora para evitar os desconfortos olfativos e visuais e prevenir contaminações advindas de cadáveres insepultos. Além disso, os cemitérios, na nossa herança cultural judaico-cristã sempre estiveram associados à idéia de passagem para uma outra vida, de caráter espiritual, e ao seu redor se construíram doutrinas e dogmas, tabus, interdições e solenidades, além de, no imaginário popular, ser o terreno para o cultivo do fantástico, do misterioso”. O próprio Dimas pesquisou a história dos cemitérios da região permanecendo horas a fio, medindo, copiando, fotografando, interrogando as pessoas, procurando documentação em prefeituras e paróquias afirmando que “O cemitério é uma das construções mais importantes de uma cidade, ali estão objetos e fontes que nos possibilitam conhecê-la. Está o seu resumo, a sua síntese, a sua história, Por isso é chegado o momento de salvar os fatos”. Prossegue: “Resgatar a memória histórica dos cemitérios, e principalmente, avaliar o seu papel na preservação da arte tumular e na explicação da transposição de elementos da vida real para o mundo dos mortos, ajuda o ser humano na compreensão de um dado momento histórico”, conclui.
Fartamente ilustrado a magistral obra de Dimas dos Reis Ribeiro desvenda a história dessa arte tumular do Sul de Minas através de uma pesquisa profunda e curiosa penetrando e revelando dados importantes.
Também como o parceiro Dimas, sou um entusiasta na descoberta histórica dessa arte tumular. Procuro nas cidades que visito vestígios históricos entre os segredos dos túmulos e revelações curiosas. Em Guaxupé (MG) já descobri mausoléus e sepulturas como os dos soldados paulistas da Revolução de 32, oito no total. Como ainda não perdi o costume de vasculhar mistérios que envolvem as sepulturas, recentemente em Paris não perdi a oportunidade de visitar o famoso cemitério de Père Lachaise. Há muitos anos a França oferece visitas guiadas aos principais cemitérios de Paris. O de Lachaise recebe anualmente cerca de 2 milhões de pessoas provenientes de vários países. Este aberto em 1804, possui cerca de 100.000 túmulos, 5.300 árvores e muitas atrações culturais e artísticas, mausoléus de muitas celebridades, como o do compositor Chopin, dos escritores Moliere, Oscar Wilde, Balzac, Marcel Proust, o fundador do espiritismo Allan Kardec, o pintor Modigliani, os artistas Simone Signoret e Yves Montand, a cantora Edith Piaf, Jim Morrison (aquele mesmo, da banda “The Doors”) e a dançarina Isadora Duncan, entre outras personalidades.
Esse Turismo Cimeterial tem feito sucesso em São Paulo como visitas ao Cemitério da Consolação, o mais antigo da Capital, em funcionamento desde o ano de 1858, abriga inúmeras figuras públicas, artistas e intelectuais. Há um bom número de túmulos com trabalhos de grandes escultores como Victor Brecheret, Francisco Leopoldo e Silva, autor do primeiro nu do local, produzido nos anos 20. Há muito mármore Carrara, granito e bronze. Lá está também o mausoléu da família Matarazzo, que ocupa um espaço atingindo 20 m de altura. É tido como o maior da América do Sul. Quando forem a qualquer cidade descubra a História local visitando o Cemitério. Vão descobrir a Arte em sua plena expressão!

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