Logosofia: Ética e Evolução

Umas das primeiras lições que se estuda e aprende na Escola de Adiantamento Mental é que não há evolução sem ética. E que essa ética não é etiqueta, quer dizer, parecer polido, educado, simpático ao invés de sê-lo verdadeiramente. Ser ético é ser humano na verdadeira acepção da palavra; ser capaz de valorizar a vida de relação que é, ou deveria ser, uma lição para o aprendiz que pretende aperfeiçoa-se, quer dizer, completar-se. O ser humano é uma figura plena de possibilidades, mas um ser incompleto.
E tem, desde o instante sublime do nascimento para esse pequeno mundo chamado Terra, a grande oportunidade de completar-se, de aperfeiçoar-se. E nesta ventura grandiosa, nesta epopéia magistral na qual poderia transformar a própria existência, tem a ilimitada possibilidade de aprendizado na convivência com seus semelhantes; primeiramente com seus pais e irmãos, depois com os amigos da infância e da adolescência, a família, os filhos, os colegas de trabalho, a sociedade. Há tanto que aprender com os outros, e um pouquinho para ensinar também. Dar muito de si e não esperar nada dos outros; talvez seja essa uma fórmula de felicidade, de sabedoria. Podemos aprender com todos, mesmo com aquele que não nos é muito simpático. É muito fácil dizer: “Aquele me incomoda, não quero vê-lo mais”.
O que incomoda não é o outro, senão algo dentro de nós que está de cabeça-para-baixo. Não queremos tolerar nada dos outros, mas queremos que todos tolerem tudo de nós.
Não há maior escola que a vida de relação; aquele que nos incomoda é o nosso melhor professor, o que pode nos ensinar se deixarmos, a olhar o que nos incomoda, que nos faz olhar para nós mesmos e analisar os nossos aborrecimentos. Grande professor do qual nos afastamos por nossa incompreensão.
Sim, não há evolução sem ética; e um dos princípios dessa ética deveria ser este: enfrentar esses fantasmas interiores que nos afastam das pessoas que nos incomodam. A adversidade é uma grande mestra; esses incômodos deveriam sê-la também. Quantos projetos e vidas perdidos por aborrecimentos inúteis! Quanta incompreensão!
Quanta perda de tempo!
Por que o homem não se encontra? O que lhe falta para completar sua figura?
Numa histórica conferência pronunciada em Montevidéu em dez de agosto de quarenta e seis, o pensador argentino González Pecotche afirmava: “Isto sucede com todos; sejam ricos ou pobres, bonitos ou feios. Uns têm o que a os outros falta; e o que para uns falta, outros têm. E a grande questão reside no seguinte; ninguém quer dar ao outro o que tem, porque pretende que o que tem é melhor o que lhe falta e o outro tem. E neste labirinto de comparações de fragmentos humanos é onde encontra-se a maior causas das dissensões, e, por sua vez, de onde parte a equivocada posição de todos os seres, sem exceção , o que se poderia definir com uma só palavra: incompreensão”.
Assim, uma nova ética implicaria uma revolução comportamental, uma equanimidade no juízo dos próprios valores e nos dos demais para ser mais humano, menos pretensioso; saber olhar, saber ouvir, melhor julgar, para poder evoluir.

Nenhum comentário: