SAÚDE

Neurótico: você também pode ser um

“Admitimos que éramos impotentes perante nossas emoções – que tínhamos permitido o domínio sobre nossas vidas”


Se você possui excesso de estresse, insatisfação, solidão, ansiedade, timidez, insônia, ciúmes, pânico, ou outro sentimento que o leva a depressão, então você pode ser um neurótico. Para falar sobre o assunto, a reportagem do jornal da Silva esteve na casa do Coordenador Nacional dos Neuróticos Anônimos (N/A), que é um rio-pardense, para saber um pouco do trabalho dessa comunidade estabelecida e reconhecida internacionalmente. Ele assumiu a Coordenação há um ano, depois de ficar seis na vice-cordenação. Sorridente, comunicativo e cheio de vida, disse, já de início, que seu nome teria que permanecer anônimo, por respeito à comunidade que representa. “Se divulgar meu nome, estarei me promovendo, e isso foge dos propósitos da irmandade”, explicou ele. Antes de falar do N/A, o coordenador fez um rápido histórico de sua vida e contou as tristezas e sofrimentos que suportou e fez sua família passar antes de fazer parte da “irmandade”. Contou que teve depressão durante 35 anos. “Mudei-me para São José do Rio Pardo, em 1977, por causa da depressão 7. Cheguei a ter síndrome do pânico, que é uma sensação de morte iminente e sociofobia”.
Disse que tentou suicidar-se por cinco vezes. “Não queria acabar com a minha vida, queria acabar com o sofrimento. É horrível, a depressão é a dor que não dói e a doença que não existe”. Ele perdeu loja, apartamento, casa na praia, tudo por causa da depressão. “Procurei de tudo, psiquiatra, psicólogos, religião, seitas, benzedores, neurologistas e nada me curava”, contou o coordenador.
Até que em abril de 1989, quando já estava no fundo do poço e prestes a perder a esposa, conheceu o N/A. “Nunca mais tive uma recaída, nunca mais tomei remédio”. Logo que criaram a irmandade em São José, em 1977, ele soube de sua existência, mas o seu orgulho não permitia que freqüentasse. “E quando fui pela primeira vez, fui para brigar, pois não acreditava que ‘aquilo’ poderia me curar, mas foi uma surpresa, pois tudo que estava sendo dito acontecia comigo, então comecei a me sentir mal, queria fugir, mas não tinha forças”.

Como se curar
Para o coordenador, a primeira coisa é reconhecer que está doente e que é um neurótico. Segundo ele, a doença emocional cria doenças físicas. “Somos mente que comanda e corpo que obedece”. O neurótico prefere culpar tudo - a família, o serviço, a cidade, etc., a reconhecer a doença. Portanto, pessoas que possuem algum tipo de fobia, que tem mania de automedicação (hipocondríaca), mania de limpeza, bulimia, anorexia, enfim, podem procurar o N/A que encontraram ajuda.

O N/A
Os Neuróticos Anônimos (N/A) é uma irmandade ou comunidade, formada por homens e mulheres que compartilham suas experiências e esperanças para resolverem seus problemas emocionais comuns e dessa forma se reabilitam da doença emocional que os afligem. As reuniões são de duração de duas horas, a pessoa não é obrigada a absolutamente nada. Ela entra e sai à hora que ela quiser. “Se ela quiser voltar ela volta... nada é imposto, tudo é sugerido”.
De acordo com o coordenador Nacional do N/A, para participar da irmandade basta considerar-se uma pessoa neurótica com vontade de sanar. “Não cobramos taxas nem impomos nada. Não estamos ligados a nenhuma instituição religiosa ou política; tão pouco defende ou opõe a qualquer causa”, disse o coordenador.
Ela foi criada em 1964, nos EUA, no Brasil, teve seu primeiro grupo formado em São Paulo, em 1969. Em São José do Rio Pardo o N/A foi criado em 1978, suas reuniões todas as segundas-feiras, das 19h30 às 21h30, no salão da Igreja Matriz de São José. Os freqüentadores do N/A são orientados por doze passos e doze tradições. “É um programa totalmente espiritual e não acadêmico, por isso permite que cada pessoa faça sua interpretação espiritual de acordo com sua experiência de vida”, disse o coordenador. As sugestões dos dozes passos propõem um programa de vida espiritual, porém não religiosa, a ser praticado pela pessoa que deseja recuperar-se. As sugestões das Doze Tradições propõem princípios a serem observados, individualmente, para que a Irmandade se mantenha unida e fiel ao seu objetivo.

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