PSICOLOGIA


Angústia e processo analítico

Waldemar Fioranti Junior
waldemarfiorante@ig.com.br





Todos nós padecemos de angústia em algum momento de nossa vida, seja na busca de um trabalho novo, ou em qualquer situação nova à qual iremos enfrentar e que nos pareça intimidadora.

Certamente a angústia não é um medo meramente irracional. Por exemplo, uma pessoa fica sabendo que está com uma doença de tratamento difícil ou ainda que terá que realizar uma cirurgia, complicada ou não, esta pessoa tem toda razão de sentir-se angustiada.

Uma definição clara, onde não há medos reais ou irreais como frutos de nossas fantasias e imaginação, angústia é “reação a algum fator ainda não reconhecido, seja no ambiente, seja no eu”. Isto ocorre porque cada reação pode ter origem consciente ou inconsciente.

Para alguns pensadores, filósofos e psicanalistas, a angústia está intrinsecamente ligada à existência ou ela é fruto da própria condição da mesma, afinal, nós seres humanos não nascemos prontos para a vida, como acontece em todo o reino animal, não temos uma identidade formada, geralmente construímos ou remodelamos ao logo de nossa vida.

Simultaneamente ela nos causa dor e em outros momentos nos liberta, pois surge do constante questionamento, fazendo-nos buscar uma qualidade de vida existencial melhor. Através dela, o homem passa a olhar mais para si e nos trás a consciência da nossa fragilidade que incontestavelmente causa dor e convida-nos a renascer a cada dia. Como dizia o poeta Renato Russo: “...tudo é dor e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor!”

O medo do que é novo em nossa vida se associa a mudanças, muitas vezes corporais, cujo efeito é a ansiedade, uma prova disso é a repetição de padrões primários como quando sentimos medo, o coração acelera, a boca resseca e a respiração parece faltar.

O processo terapêutico gradativamente nos faz ir de encontro com nossas angústias, mostrando nossas feridas, sem a casca que as recobre, de forma a desnudar na frente de nossos olhos nossas mazelas, protegidas muitas vezes pelos nossos mecanismos de defesa do ego.

Este encontro com nosso eu é angustiante e dolorido e muitas vezes, por não suportar esta claridade, promove a maioria das evasões nos consultórios de psicologia.

Afinal, a terapia faz com que o indivíduo encare, de frente, as próprias dores e angústias, criando um ambiente que facilite a reflexão de uma existência desordenada ou desagregada para uma nova na vida atual e futura.

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