Eu e o Futebol: Vianna e a Souza Cruz


Emílio Antônio Duva

Dias desses o Brasil perdeu uma de suas vozes mais brilhantes e formidáveis de ser ouvidas. Doalcei Camargo, das rádios cariocas Globo e Tupi. Ao seu lado brilhou também um dos mais extrovertidos radialistas, que na verdade o primeiro comentarista de arbitragens futebolísticas. Trata-se de MÁRIO GONÇALVES VIANNA, com dois “ennes” como fazia questão de frisar. Figura lendária e folclórica a todo vapor. Conta os boleiros que sua voz era ouvida dentro dos gramados, mesmo nos dias em que o Maracanã superlotava. Berrava, questionava tudo e a todos com um estilo próprio. Antes, porém, de militar nas cabines de rádio, foi jornaleiro, fiscal da guarda civil, policia especial, técnico do Palmeiras, Portuguesa e São Cristóvão, e finalmente, juiz de futebol.
Dono de um porte e condição física avantajada marcou época. Único juiz que expulsou Domingos da Guia. Nilton Santos foi para o chuveiro mais cedo por ele também, mas descobriu em tempo que foi uma treta dum bandeirinha, e dirigiu-se ao vestiário pedindo desculpas ao Famoso “Enciclopédia” Num jogo entre Fogão e Mengão a coisa ferveu.
As torcidas começaram a atirar pedra, paus e outros objetos periculosos ao gramado. Nosso valente Mário ViaNNa, devolvia tudo de volta às arquibancadas. Apitou um jogo de Copa do Mundo: Itália e Suíça. O italiano Boniperti discordando violentamente de uma marcação foi aos gritos e empurrões para cima dele. ViaNNa dá-lhe um tremendo direto no queixo, que o faz desmaiar. E logo avisa: “Se ele estiver condições, pode voltar para o segundo tempo”. Boniperti voltou, bem mansinho. Certa vez, numa mesa redonda de programa de TV, sentiu-se asfixiado pela fumaça dos cigarros que os companheiros fumavam. E desabafou:
PAREM DE FUMAR. ISSO É UM VENENO, POLUI OS PULMÕES.
O problema é que o único e rico patrocinador daquele programa era a SOUZA CRUZ. Pano rápido...
Mario Vianna, foi um homem de muitas historias. Colhida são longo dos anos de serviço na Polícia, no rádio e nos campos de futebol. Faleceu em 16 de outubro de 1989, no Rio de Janeiro.

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