O Homem Elefante


Carol Ortiz
cacal.ortiz@hotmail.com

O que nos faz venerar uma obra de arte eternamente? A beleza contida nela? A poesia subentendida? A ponte que ela faz com a realidade? Caiu em minhas mãos, assim quis o destino, essa jóia do diretor David Lynch.
Ele, que é considerado o mestre do bizarro e do caos (inclusive, vale citar que essa “esquisitice” é congênita: sua filha Jennifer Lynch dirigiu o clássico trash Encaixotando Helena– assistam porque é bom) fez essa maravilha, que nos faz debulhar em lágrimas e sorrisos: choramos
porque é uma história sensível, um drama que comove; damos risada pelas ironias da história: o mostro é o homem e o homem é o monstro.
Lançado em 1980, nos Estados Unidos, o longa de 118 minutos conta com atores de peso como Anthony Hopkins, John Hurt, Anne Bancroft, entre outros. O roteiro foi assinado por Christopher De Vore, Eric Bergren e David Lynch e foi baseado no livro de Sir Frederick Treves (o verdadeiro médico da trama) e Ashley Montagu.
A história é sobre John Merrick, um homem de seus 20 e poucos anos que carrega o peso de uma doença que deformou 90% do seu corpo. Por esse motivo, era exposto em verdadeiros circos de horror, se passando por monstro. As coisas mudam quando Treves o conhece e decide apostar todas as suas fichas numa possível recuperação.
Interessante é perceber que, ao longo do longa, nossa relação com a personagem vai mudando: logo de início vem o incômodo, a angústia, a estranheza, mas, com o passar das cenas, vamos nos apaixonando por Merrick, e conseguimos enxergar que coisas diferentes são belas. É o sapo que virou príncipe.
O filme nos mostra que em todo ser humano existe uma possibilidade, cada homem pode ir muito mais além do que ele consegue imaginar e que a inclusão social é sempre importante, independente da área de nossas vidas.
Algumas curiosidades: John Merrick foi criado em cima do verdadeiro Homem Elefante, Joseph Merrick, que era assim chamado por portar uma rara doença (diagnosticada em 1996 como Síndrome de Proteus). Para cada maquiagem feita em Hurt, eram necessárias 12 horas seguidas e Lynch até tentou ser o maquiador, mas desistiu após não conseguir chegar ao resultado esperado.
Enfim, um clássico maravilhoso e emocionante, onde a palavra central é redenção: precisamos fazer um “link” entre aquilo que somos hoje e o que vamos ser um dia, afinal, como dizia Ulisses Tavares: “olha de novo: não existem brancos, não existem amarelos, não existem negros: somos todos arco-íris”. Assistam e preparem os lenços!

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