Emílio Antônio Duva
Em 1998, a rede Globo de Televisão, baseado no romance de Roberto Drummond, exibiu mais uma vez em horário impróprio aos brasileiros (alô Sarney se manca, malandro) a mini série Hilda Furacão. Contou-se a história daquela burguesinha, de classe média, que num desespero ou crises que muitas moçoilas enfrentam no dia do seu casamento, sai da igreja sagrada e cai numa consagrada casa de prostituição da capital mineira, a Belrizonte (Belo Horizonte, desculpem-me). Quem assistiu viu o drama todo. E não é que a tal ainda se apaixona por um fradinho na época? Eta nóis...
Mas, a verdade verdadeira é que Hilda Furacão existiu. E casou-se de papel passado, com direito a padre e tudo. Contam que o cerimonial foi um pouco carregado, com a presença de alguns comunistas (não disse ateu, ok?) como um tal de João Saldanha. Hilda se casou com o jogador de futebol do Botafogo carioca, o craque Paulo Valentim. Que também defendeu a Seleção Brasileira.
Valentim nasceu em Barra do Piraí (RJ) e foi aparecer no futebol no time do Atlético Mineiro. Chamou a atenção dos dirigentes botafoguenses, e acabou sendo contratado. Junto ao craque, contrataram também um boêmio. Um jogador de cartas. Um exímio dançarino. Conhecedor da arte da bola, mas também conhecedor da arte do galanteio.
E nestes cabarés luxuosos que a vida noturna oferece, ele conhece Hilda Furacão. O tempo passa... O Botafogo começa a fazer o necessário desmanche naquele timão, e suas possíveis negociações. Valentim, por sua vez, acaba sendo vendido ao Boca Juniors (Argentina).
Na capital do tango, e outras cositas mas, enfurna-se nas luxurias, tendo sempre Hilda ao seu lado. Mas, o preparo físico escasseia-se, bem como o dinheiro. Então retorna ao Brasil.
Não consegue êxito. Não consegue um bom contrato. O sucesso apaga-se, e ilumina o caminho infeliz do fracasso, que a ele e a muitos são oferecidos, aceitos e traçados.
Retorna, então, a Buenos Aires, e alguma coisa tinha que ser feito. Vai trabalhar nas docas, daquele porto à beira do Mar del Plata. Tempos depois vem a falecer. Doente, pobre e esquecido.
Comenta-se que a interminável Hilda, ainda com a beleza em sorrisos, o corpo moreno, cheiroso e gostoso, com a mente voltada a mais antiga das profissões, forra um aposento de hotel com veludo grená e tapetes vermelhos. Para assim sobreviver...
Coisas do futebol, coisas da vida...
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