Marcelo Augusto da Silva
http://marceloaugustodasilva.blogspot.com
“Vem vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora não espera acontecer”.
Pra não dizer que não falei das flores – Geraldo Vandré
Iniciei meu artigo da semana passada dizendo que vivia um momento de desesperança. Após alguns dias esse meu sentimento ainda permanecia, porém sua origem, como já havia dito, era por causa de nossos políticos, felizmente ele é um efeito gerado somente por esse grupo, não por todos os brasileiros. Explico: Sarney afrontou o bom senso do brasileiro com as suas recentes tramóias, fazendo com que a indignação saísse do individualismo, passasse pela internet e chegasse às ruas em forma de protesto.
É raro, mas não impossível, encontrarmos na História ações que contaram com a participação popular e que atingiram o seu objetivo. Temos clássicos exemplos como a Revolução cubana que foi um movimento onde o povo foi extremamente participativo e importante e a Independência do Haiti, que embora hoje não esteja numa situação estável, alcançou a conquista de sua liberdade através da luta dos negros contra a exploração francesa, servindo de modelo para movimentos em outros países.
No Brasil tivemos um caso recente com o Fora Collor, formado na sua maioria por jovens estudantes, que foram às ruas exigir o impeachment do então presidente. Mesmo conseguindo aquilo que ele queria, o protesto, ao menos a meu ver, não teve tanto mérito, pois ele não foi autônomo, mais sim forjado pela Globo - a mesma emissora que fez a cabeça do eleitor para votar em Collor e que naquele momento não via mais interesses no seu governo - que conclamava a juventude a manifestar publicamente seu descontentamento.
Bem diferente do Fora Collor, o Fora Sarney é um movimento independente e na semana passada manifestou-se em diversos locais do país. No próprio Senado houve uma tentativa de protesto por parte dos estudantes, que da mesma maneira que ocorria nos tempos de ditadura, foram reprimidos com a truculência da polícia, dessa vez a legislativa, a qual sem nenhum escrúpulo ligava para o celular do Sarney no momento da detenção dos manifestantes dizendo que iriam agir rigidamente para moralizar a situação. Será que alguém em Brasília é digno para usar a palavra moral?
Se não podemos esperar a decência dos políticos, em nem o cumprimento das normas, que no caso deveria ser a investigação das denúncias contra o senador, coube à população a tentativa de ser a aplicadora da justiça e dessa forma exigir que seja feito o necessário.
O país é do povo que nele habita, não dos que o governam; os políticos, a grosso modo, nada mais são do que funcionários do Estado, com a função de trabalhar para a coletividade, ou seja, a sua incumbência é servir o povo, não o contrário. Se é dessa forma, assim como o povo o escolheu – e se em determinados momentos como esse que vivemos a opinião popular decidir - ele tem todo o direito de destituí-lo do cargo.
Esse é um exemplo da força popular; mesmo não tendo o tamanho que deveria ter, o Fora Sarney causou repercussão e incomodou. Pode muito a população, basta ela querer e saber usar esse poder.
Mesmo ainda havendo a descrença, esse movimento trouxe de certa forma uma luz na escuridão em que nos encontramos. Se ele vai tomar proporções maiores e atingir a sua meta, somente o tempo irá mostrar. Queria vê-lo crescer, tomar conta de todo o país e mostrar aos “senhores de Brasília” que o Brasil não é deles, tal como eles imaginam.
Povo mostra a sua força!
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