Editorial: O veto e os R$ 3,7 mil dos vereadores

O resultado da votação de terça-feira, 10, que derrubou na Câmara o veto do prefeito João Luís Cunha foi no mínimo interessante. Em tese, dos seis votos contrários ao prefeito (contra os R$ 6 mil), quatro ajudaram a elegê-lo. Do outro lado, dos quatro vereadores de oposição, dois votaram a favor ao prefeito (a favor dos R$ 6 mil).
O resultado nos leva a concluir duas coisas: os parlamentares se mostraram independentes, inclusive, em alguns casos, até de orientação partidária, e votaram de acordo com a consciência de cada um - situação atípica em Rio Pardo. Ou então, votaram contra os R$ 6 mil por medo de ficarem mal diante do grande público que esteve presente à Câmara. É evidente que sempre há exceções. 
Na hora de discutir em plenário o veto do prefeito falou-se em crise, igualdade, consciência, compromisso, economia de dinheiro público, mas se esqueceram de dizer ao público presente, na maioria servidores municipais, que o salário de vereador saltou de R$ 2.2 mil para R$ 3.7 mil cada um por mês. Agora, a grande pergunta: em São José é necessário que um vereador receba esse valor? Essa é a grande questão. 
Hoje, a maioria alega que sim, dizem que se desdobram inclusive para dar conta das inúmeras reivindicações que chegam até eles. O que deve ser verdade. Mas será que durante a campanha eles, como candidatos, teriam esse mesmo posicionamento?
É bom que se deixe claro que não está discutindo aqui – pelo menos por enquanto – a responsabilidade do parlamentar e sim o grau de comprometimento com a comunidade que cada um deve ter. Pois a fonte dos recursos do salário do vereador é a mesma que paga o servidor, o secretário, o prefeito o vice, e por aí vai. Questões como essa torna-se necessária ser pontuada, pois o parlamentar é o elo entre a sociedade e a instituição, é, ao menos em tese, o representante do povo e por isso tem que se esforçar para dar o exemplo. E aí não adianta se irritar.

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