Artigo: Eternos sucessos, novos hits


Marcelo Augusto da Silva
marcelo3151@itelefonica.com.br


As pessoas que apreciam um estilo musical diferenciado daquele difundido pelas rádios comerciais ou daqueles que estouram como um grande sucesso efêmero, sabem que o lugar indicado para encontrar suas músicas sendo executadas não é na televisão, pois a idéia das emissoras é conquistar o público para assim atrair os anunciantes e, obviamente, a grande massa não tem muita proximidade com uma MPB ou mesmo uma Bossa Nova.

Mas um fato curioso acontece com os temas de abertura das novelas da Rede Globo, pois muitos deles não são canções passageiras compostas e interpretadas por músicos ou bandas medíocres, muito pelo contrario, grandes compositores brasileiros desfilam pelos horários em que as novelas são exibidas, trazendo uma luz nas trevas da imbecilidade.
Muitas dessas músicas não são obras recentes, mas sim composições que foram gravados há alguns anos e que voltam a ser executadas, o que leva muitos a pensarem que trata-se de uma nova canção. Tais músicas rapidamente conquistam o gosto de várias pessoas, fazendo com que elas se propaguem com facilidade, tornando se um novo hit.
Na página www.teledramaturgia.com.br encontra-se disponível todas as trilhas de todas as novelas da Rede Globo. Lá é possível conferir todo o repertório das novelas e pode-se observar que excelentes canções e interpretações fazem parte não só da abertura, mas também de temas de alguns de seus personagens.
Só para citar alguns exemplos – somente da abertura das novelas das oito – magníficas composições como Corcovado e Pela luz dos olhos teus de Tom Jobim, Encontros e Despedidas de Milton Nascimento, Wave de João Gilberto (que fez parte da trilha de duas novelas), Você é linda de Caetano Veloso, E vamos à luta de Gonzaguinha, Sábado em Copacabana de Milton Nascimento, entre outras.
O interessante é que alguns compositores e intérpretes se incluem em várias trilhas, podendo supor que suas gravadoras devem ter uma espécie de “acordo” com a Globo, tornando constante a sua participação nas trilhas sonoras. Isso é bem provável, pois quando um artista assina um contrato com determinada gravadora a sua obra deixa de ser sua e passa a ser de propriedade da gravadora, dando a ela a autoridade de vendê-la a novelas, filmes e exigir que o artista se apresente em determinados programas televisivos, mesmo que ele não concorde.
Incoerente é ouvir tão refinadas composições em produções toscas como a maioria das novelas, porém há um lado positivo, pois dessa forma trazem a muitas pessoas grandes obras musicais que possivelmente elas não teriam a oportunidade de ouvir.

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