Eu e o Futebol: Dr. Ricardo Dias, nosso querido Nino


Emílio Antônio Duva

Ricardo, o Coração de Leão, viveu muito tempo antes dele, mas seu nome também era Ricardo e também era um coração de leão. Sua profissão, uma das mais nobres que classifico, era de médico cirurgião - traz ao mundo seres humanos e também lutam para que suas vidas sejam prolongadas com mais saúde e dignidade.
No esporte, além de inúmeras modalidades que praticava, amava a meta. As balizas ou o gol, como queiram. Mas com uma pequena diferença dos demais atletas: portava uma deficiência física na perna esquerda, uma significante paralisia, porém para ele pouco importava. Defeito? Quem não os tem?
Seus pulos rumo à bola eram espetaculares. O vi várias vezes embaixo das traves na Associação Atlética Riopardense (AAR). Cabelos longos, camisa, calção e meias pretas. Cheio de estilo e muito falante. E como sempre, alguns espalhafatos. Este era o Nino, ou Dr. Ricardo Dias.
Em seus tempos de estudo, no Rio de Janeiro, em que balas perdidas eram aquelas que se perdiam em gavetas antigas, coldres velhos ou coisas que o valham, freqüentava a Gávea, assistindo treinos e alguns jogos realizados por lá. Era convidado especial do Deus da Raça - Rondinelli – nesses eventos. E para espanto do famoso zagueiro, ouvia-se vaias, gozações e reprovações do próprio Nino nas arquibancadas, quando ocorria um lance infeliz do renomado atleta rio-pardense. O pessoal ria muito das reprovações do amigo-convidado às falhas do ídolo conterrâneo.
Em uma bela tarde de sol, em mais um treino do Mengão, Rondinelli entra com Nino no vestiário e, logo depois, passa um material para ele. Entram em campo juntos com Nunes, Merica e Zico. Alguns minutos depois aproxima-se Cláudio Coutinho, técnico do Flamengo para a preleção costumeira dizendo aos pupilos que o treinamento técnico terá que ser diferente, haja visto mudanças à parte... Rondinelli pede a palavra ao grupo e apresenta ao capitão-técnico o mais novo “ponta esquerda” do time. E joga a bola em cima do seu conterrâneo: “quero ver você me vaiar agora...”. Alegria geral. A equipe do Mengo sem o Nino deu muitas compensações à imensa torcida.
Ricardo Dias foi mais um exemplo de Doutor que foi médico e jogador de futebol.

Um comentário:

Renata disse...

Minha irmã namorou o Nino quando ele ainda fazia Medicina em Teresópolis... Ele era um grande cara. Sim, sempre risonho e falador.
Muitas saudades!