Aloísio Calsoni Bozzini – Professor Bibo
Você já percebeu quantos jovens carecas estão andando pela nossa cidade no início de cada ano?
Longe de qualquer epidemia de piolho; longe dos estilos de vida e cortes de cabelos arrojados; esses jovens estão assim para “mostrar” para a sociedade que entraram na faculdade. Mostram, em outras palavras, que estão em uma nova fase de suas vidas.
Devemos valorizar este momento, acreditando que dentro das instituições de ensino superior esses jovens irão estudar e retribuir à sociedade seus conhecimentos. Com um diploma, além de ter uma maior chance de trabalho, ele vai participar de uma elite privilegiada de intelectuais, que poderá impulsionar o desenvolvimento social da região em que se instalar depois de formado.
Ao longo de minha experiência profissional como professor, percebo que os nossos jovens rio-pardenses estão buscando novos horizontes. Estão prestando os vestibulares e ficando carecas.
Embora a nossa cidade ofereça ensino de excelência, como é o caso da FEUC – Faculdade Euclides da Cunha, que completa 45 anos de existência neste ano, muitos vão estudar fora. Na maioria das vezes, buscam as faculdades públicas (USP – Universidade de São Paulo, UNESP – Universidade Estadual Paulista, UNICAMP – Universidade de Campinas, UFSCAR – Universidade Federal de São Carlos entre outras).
No geral elas são instituições de difícil acesso, porque além de serem gratuitas, também oferecem moradia estudantil gratuita e refeições com preço bem acessível. O aluno tem ainda a oportunidade de ganhar bolsas de estudo que são “salários” mensais por estar desenvolvendo alguma pesquisa ou prestando serviços à instituição. Muitos e muitas rio-pardenses saem todo ano de nossa cidade. Temos jovens valiosos, diamantes que foram lapidados pela família, que vão para toda parte do Brasil atrás de seus estudos e de sua felicidade. Somos uma cidade que exporta carecas.
Esses mesmos carecas que estão por aí, estarão formados daqui alguns anos e ocupando seu espaço no mercado de trabalho. No entanto, é triste notar que muitos que vão, não voltam por não terem oportunidade de emprego em São José. Embora o município apresente uma boa qualidade de vida, em razão da disponibilidade de água, temperatura agradável, paisagem e cultura, é ainda muito pobre em matéria de oportunidade de emprego.
O desenvolvimento lento e a falta de uma política voltada para geração de empregos deixam centenas de famílias órfãs de seus filhos já formados. Assim, num fenômeno inverso, são as famílias que perdem os cabelos por ficarem distantes de seus filhos. Ruim para a família, pior para a cidade, que perde um rio-pardense especializado e qualificado.
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