A taboa, planta que nasce aos montes nos açudes, contribui para a liberdade, seja financeira ou das ruas, de agricultores e presos da cidade mineira de Muzambinho
No coração do movimento de libertação dos escravos, a cidade de Muzambinho (MG), vive novo agito, de igual importância, ainda que em menor proporção. Por meio da confecção de tapetes artesanais com taboa - planta que nasce nos açudes das fazendas -, moradores se sustentam recebendo até dois salários mínimos por mês nas entressafras da colheita de café, principal cultura da região.
O mesmo ganho tem os presos, beneficiados por decisão judicial para ficar em um galpão ao lado da cadeia municipal, com direito a redução da pena: um dia a cada três trabalhados. Atualmente, oito dos 30 detentos trançam tiras secas da taboa. Na fábrica de Cecília Machado e Pedro Augusto Prado Coimbra, essas tranças são costuradas em tapetes de até 30 m². Feitos sob encomenda, cobrem casas de veraneio luxuosas nas praias badaladas do país.
A idéia de fazer tapetes para empregar mão-de-obra ociosa da cidade nasceu em 2006, quando a delegada Rosaene Justino Lunardelo descobriu a empresária carioca, que trabalhava com detentos do município vizinho. ‘Eu fazia bolsas em São Paulo e o prefeito de Nova Resende (MG) me convidou para desenvolver o trabalho com taboa no local, que era carente de emprego’, diz Cecília. ‘Só incluí presidiários porque a mãe de um deles me procurou.’
De início apreensiva, a empresária treinou os presos com autorização do delegado e do juiz. Como deu certo, aceitou implantar projeto semelhante em Muzambinho (25 mil habitantes). ‘Eu conhecia Pedro, que já fabricava tapete em tear na cidade, e abri com ele a empresa só de tapetes manuais, em janeiro de 2007’, conta.
Sem limite para a criatividade, Cecília, 62 anos, e Pedro, 33 anos, lançaram também modelos de tiras de couro e de E.V.A. (material emborrachado). Assim, mais mão-de-obra, que só contava com o trabalho na roça, foi absorvida. As versões de E.V.A. são vendidas para lojas, como a Tok & Stok, que encomendou, em um ano, 1.400 peças de modelos exclusivos.
A maioria dos pedidos dos modelos de taboa é de arquitetos, como o carioca Thiago Bernardes. ‘Ele está finalizando uma casa em Salvador, na Bahia, onde colocará seis peças grandes’, diz Cecília, que continua despertando o interesse de novos clientes, enquanto outros delegados das cidades mineiras lhe oferecem mão-de-obra.
Disciplina com trabalho
Por mês, 200 m² de tapetes são produzidos por 20 artesãos, entre presos e roceiros que trabalham em casa. Três rapazes ficam na fábrica. ‘É difícil emprego fixo na cidade. Aqui, ganho mais de R$ 500 por mês’, diz o estudante Gerson Davi de Souza, 19 anos. Embora simples, o feitio deve ser refinado para ficar requintado. ‘Quem tem talento aprende rápido’, diz Cecília, que paga os trabalhadores por metro produzido.
Ligada à moda desde a adolescência, a carioca estudou em Londres e trabalhou como editora em revistas da extinta Bloch. Por último, digiriu a confecção de roupas infantis da mãe, no Rio. ‘A primeira vez que fui ao presídio, passei mal com o cheiro. O ambiente é deprimente. Mas, na segunda vez, ao ver o sorriso deles, me senti envolvida’, diz. ‘Eles são respeitosos comigo. Os antigos ensinam os novos, mas cada um toma conta de si.’
A produção ajuda na disciplina do presídio. ‘Quem está ocupado não cria caso nem briga. E, na esperança de obter a liberação do juiz para o trabalho, outros são estimulados ao bom comportamento’, diz a delegada.
No coração do movimento de libertação dos escravos, a cidade de Muzambinho (MG), vive novo agito, de igual importância, ainda que em menor proporção. Por meio da confecção de tapetes artesanais com taboa - planta que nasce nos açudes das fazendas -, moradores se sustentam recebendo até dois salários mínimos por mês nas entressafras da colheita de café, principal cultura da região.
O mesmo ganho tem os presos, beneficiados por decisão judicial para ficar em um galpão ao lado da cadeia municipal, com direito a redução da pena: um dia a cada três trabalhados. Atualmente, oito dos 30 detentos trançam tiras secas da taboa. Na fábrica de Cecília Machado e Pedro Augusto Prado Coimbra, essas tranças são costuradas em tapetes de até 30 m². Feitos sob encomenda, cobrem casas de veraneio luxuosas nas praias badaladas do país.
A idéia de fazer tapetes para empregar mão-de-obra ociosa da cidade nasceu em 2006, quando a delegada Rosaene Justino Lunardelo descobriu a empresária carioca, que trabalhava com detentos do município vizinho. ‘Eu fazia bolsas em São Paulo e o prefeito de Nova Resende (MG) me convidou para desenvolver o trabalho com taboa no local, que era carente de emprego’, diz Cecília. ‘Só incluí presidiários porque a mãe de um deles me procurou.’
De início apreensiva, a empresária treinou os presos com autorização do delegado e do juiz. Como deu certo, aceitou implantar projeto semelhante em Muzambinho (25 mil habitantes). ‘Eu conhecia Pedro, que já fabricava tapete em tear na cidade, e abri com ele a empresa só de tapetes manuais, em janeiro de 2007’, conta.
Sem limite para a criatividade, Cecília, 62 anos, e Pedro, 33 anos, lançaram também modelos de tiras de couro e de E.V.A. (material emborrachado). Assim, mais mão-de-obra, que só contava com o trabalho na roça, foi absorvida. As versões de E.V.A. são vendidas para lojas, como a Tok & Stok, que encomendou, em um ano, 1.400 peças de modelos exclusivos.
A maioria dos pedidos dos modelos de taboa é de arquitetos, como o carioca Thiago Bernardes. ‘Ele está finalizando uma casa em Salvador, na Bahia, onde colocará seis peças grandes’, diz Cecília, que continua despertando o interesse de novos clientes, enquanto outros delegados das cidades mineiras lhe oferecem mão-de-obra.
Disciplina com trabalho
Por mês, 200 m² de tapetes são produzidos por 20 artesãos, entre presos e roceiros que trabalham em casa. Três rapazes ficam na fábrica. ‘É difícil emprego fixo na cidade. Aqui, ganho mais de R$ 500 por mês’, diz o estudante Gerson Davi de Souza, 19 anos. Embora simples, o feitio deve ser refinado para ficar requintado. ‘Quem tem talento aprende rápido’, diz Cecília, que paga os trabalhadores por metro produzido.
Ligada à moda desde a adolescência, a carioca estudou em Londres e trabalhou como editora em revistas da extinta Bloch. Por último, digiriu a confecção de roupas infantis da mãe, no Rio. ‘A primeira vez que fui ao presídio, passei mal com o cheiro. O ambiente é deprimente. Mas, na segunda vez, ao ver o sorriso deles, me senti envolvida’, diz. ‘Eles são respeitosos comigo. Os antigos ensinam os novos, mas cada um toma conta de si.’
A produção ajuda na disciplina do presídio. ‘Quem está ocupado não cria caso nem briga. E, na esperança de obter a liberação do juiz para o trabalho, outros são estimulados ao bom comportamento’, diz a delegada.
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