Artigo: Tiradentes, herói ou mito?


Marco Antônio Soares de Oliveira
Jornalista e escritor

Na História do Brasil há muitas controvérsias sobre os fatos históricos. Alguns dados oficiais tentam obscurecer a verdadeira história nacional. Enaltecem muitos homens, que às vezes, massacraram o país. Por exemplo, o 31 de Março, data que os milicos colocaram como feito histórico da Redentora, não passa de maneiras para esconder as torturas e mortes cometidas. Ainda bem, que o Governo atual está mexendo na podridão dos porões da Ditadura. Um fato histórico, que estamos comemorando agora (Inconfidência Mineira) mostra o trabalho de pesquisadores que retratam o herói Tiradentes como o único a receber uma punição severa por ser, segundo a História oficial, o representante popular do grupo dos inconfidentes e ter lutado pela liberdade do país. O historiador inglês Kenneth Maxwekll, em seu livro “A devassa da devassa” aponta características de Joaquim José da Silva Xavier bastante significativas para que este perfil de herói seja visto com cautela.
Mesmo após a Independência do Brasil, em 1822, Tiradentes não seria reconhecido como mártir da Inconfidência Mineira. Somente em 1867 é que se ergueu em Ouro Preto um monumento em sua memória, por iniciativa do presidente da Província Joaquim Saldanha Marinho. Mais tarde, no período republicano, o dia 21 de abril se tornou feriado nacional, e, pela Lei 4.867, de 9 de dezembro de 1965, Tiradentes foi proclamado patrono cívico da nação brasileira.
“Hoje não se concorda muito com a idéia de que ele fosse do setor popular e que teria sido executado por isso. Ele teve mesmo as preterições na cavalaria, não teve as promoções às quais aspirava, mas era proprietário de escravos, teve problema com as datas minerais onde não teve sucesso”, explica a professora do Departamento de História da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), Andréa Lisly Gonçalves. É verdade que há registros de uma grande comoção popular no dia do enforcamento de Tiradentes, em 21 de abril de 1972, no Rio de Janeiro.” Segundo Renata Costa, em seu artigo “Mito de Pés de Barro”, conta-se que Tiradentes havia assumido uma postura espiritual dentro da cadeia e foi para a forca demonstrando paz de espírito. Ainda que tão famoso, pouco se sabe sobre os ideais de Tiradentes. Segundo o professor Villa, o fato do mártir não ter deixado nada escrito faz com que ele seja um líder sobre o qual não é possível dizer nada. “Neste aspecto, sabemos mais sobre Cristo através da Bíblia do que sobre Tiradentes”, diz. Por outro lado, salienta Furtado, por não ter deixado registros, se torna uma figura heróica ideal.
Em 2005 foi projetado no Cine 14 Bis, de Guaxupé, o filme “Vinho de Rosas”, da diretora mineira Elza Cataldo,50, que fez uma pesquisa minuciosa sobre Tiradentes e em seguida produziu o longa-metragem que levou 7 anos para ser feito contando a história de Joaquina, filha de Tiradentes, que, após passar a vida confinada em convento, descobre por acaso, que é filha do mártir. A moça responsável pela iguaria produzida pelo convento - o vinho de rosas-, foge, é acolhida por uma trupe de teatro mambembe e, em Vila Rica (MG) conhece a tragédia do pai e reencontra a mãe.
A diretora do filme Elza Cataldo esteve presente à sessão e esclareceu que o roteiro foi baseado em pesquisas históricas e que parte dos personagens são reais como Joaquina, filha de Tiradentes e Antônia, mãe da moça. “Vinho de Rosas” foi filmado em Ouro Preto. Belo Vale, Serra do Cipó(MG) e Paraty(RJ).
Uma publicação do Ministério da Educação e do Desporto, de 1993, em artigo de Márcio Jardim, registra-se que o Alferes deixou sua descendência, embora tenha morrido solteiro. Cita apenas uma filha de nome Joaquina, de sua união com Antônia Maria do Espírito Santo. O Alferes tinha 40 anos quando engravidou Antônia Maria do Espírito Santo, menina-moça orfã. Esse foi um dos amores que se tem notícia do Mártir da Inconfidência.

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