MUDANÇAS NA GRAFIA DO PORTUGUÊS GERAM POLÊMICA

Construção para Congonhas. Construção pára Congonhas. A única diferença entre as duas frases é um acento agudo no “a”, que distingue a preposição “para” de “pára” do verbo parar. Mas a existência ou não do acento muda completamente o sentido da afirmação. Na primeira frase, está se anunciando uma construção no aeroporto de São Paulo e, na segunda, o objetivo é afirmar que uma construção está paralisando operações no aeroporto.Em meio a manifestações de quem é contra ou a favor, é possível que, já a partir do início de 2008, não existirá mais o acento diferenciando a preposição do verbo, assim como haverá outras mudanças, no processo de unificação das regras envolvendo os países de língua portuguesa: Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
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A crase permanece
Nesse processo que envolve os países de língua portuguesa visando à unificação da grafia, não está incluída a crase que o deputado João Hermann (PDT-SP) quis eliminar, sob a alegação de que este acento “só serve para complicar a linguagem, só serve para humilhar muita gente”. Sua pretensão foi rechaçada pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal, com o parecer contrário determinando o arquivamento da matéria. Ainda bem que esta questão não se inclui entre as possíveis mudanças, dizem, aliviados, professores de Português e Literatura, que concordam com o parecer da comissão técnica da Câmara: a crase não é um mero acento, mas um fato gramatical, resultado da fusão de duas letras a: o artigo a e a preposição a. A crase é necessária para dar sentido à expressão, segundo os gramáticos. Exemplo: “o homem admirou à distância”. Significa a admiração de alguma coisa a certa distância. Não houvesse a crase, ficaria “o homem admirou a distância”, ou seja, admirou o lugar, não a perspectiva do lugar. Haveria certamente confusão com a eliminação da crase, segundo os professores.
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Aumenta o alfabeto
Uma importante mudança é que serão acrescidas oficialmente ao alfabeto brasileiro as letras “k”, “w” e “y”, passando para 26 letras ante as atuais 23. No geral, calcula-se que a mudança atingirá índice de 0,45% na língua falada no Brasil, enquanto em Portugal será de 1,6%, com mudanças abrangendo palavras como “húmido”, “acto” e “óptimo”.As alterações visam à unificação da terceira língua mais falada no mundo ocidental, superada apenas pelo inglês e espanhol. O argumento é que a existência de ortografias diferentes dificulta a divulgação do idioma e sua prática em eventos internacionais.

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