Eu e o futebol: Charme de outrora


Emílio Antônio Duva

Torcida amiga, carinhosamente, bom dia...” Assim começava mais um programa semanal pela Rádio Difusora ZYD-6, precisamente às 11h30 com apoio comercial da “Eletro-Motor, onde é mais fácil comprar”. Sérgio Ribeiro, Alberto Alves da Silva (Nenéco) e o prodígio Manoel Ferreira Pinto (Mafepi) compunham uma equipe de primeira linha ao apresentar aquele campeão de audiência para a provinciana cidade e próspera região nos idos anos 60 e 70.
As notícias informadas do mundo da bola e de outras modalidades eram lidas das páginas da “A Gazeta Esportiva” (se a Gazeta não deu, ninguém sabe o que aconteceu..”). Aleatoriamente, um dos três radialistas, passava diariamente pela banca de jornal e revistas Folharini – hoje denominado “Centro Cultural Baptista Folharini” – e levava o matutino aos estúdios da emissora. Quando circunstancialmente o jornal atrasava, ou pior, não aparecia, um breve relato dos grandes times da capital paulista era “criado” de uma forma pura e ingênua que tão somente os homens que nascem para tal mister poderiam apresentá-lo. O noticiário local era mais intenso, folclórico e verdadeiro. Nós, fiéis ouvintes, atentos a tudo e a todos.
Além das vozes incomparáveis e diferenciadas do trio, tínhamos verdadeiras aulas de geografia e história esportiva. Este modelo já não se faz mais. A internet com todo o recurso global e satelizado jamais faria idéia do que seriam aquelas produções históricas, não tão sempre improvisadas, para contento geral de gregos e até de troianos.
As enxurradas de TVs de hoje, antes não existiam. Algumas delas apresentavam rápidos programas bem mais tarde. Enquanto isso, o encontro esportivo tupiniquim já tinha dado o furo da reportagem trazendo as novidades e os resultados das partidas. Os idolatrados do Santos de Pelé, do Corinthians de Rivelino, do Palmeiras de Ademir da Guia e do São Paulo de Pedro Rocha se mesclavam aos temidos becões do Tremendão, dos artilheiros do Laticínios e dos malabaristas da bola dos times da zona rural. O interessante é que ficava a ansiedade para o dia seguinte, dos comentários, entrevistas e reportagens que viriam pelos competentes abnegados radialistas.
Dr. Sérgio, escrivão de polícia e professor, Nenéco, exímio torneiro mecânico, e Mafépi, banespiano por excelência, eternizaram em nossas mentes no imaginário indelével da força e do charme do rádio... Suas vozes maravilhosas estão gravadas em nossos sensibilizados tímpanos.
Em nossos corações, o agradecimento por tudo de bom que se realizava em uma outra São José do Rio Pardo.

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