Tim Maia: uma biografia interessante


Carol Ortiz
cacal.ortiz@hotmail.com

A tumultuada vida do cantor Tim Maia está registrada no ótimo livro de Nelson Motta: Vale Tudo – o som e a fúria de Tim Maia (Objetiva, 392 pags., R$ 49,90).
Essa biografia merece crédito pelo fato do autor ter vivido com o músico desde o final dos anos 60, sempre numa relação muito próxima e íntima.
No livro, Tim é apresentado como uma pessoa de personalidade forte e atitudes polêmicas, mas que cativa pessoas com toda essa originalidade que muitos poucos tem. Ele não fazia média nem se importava em mostrar sua intimidade para a imprensa (e isso lhe custou caro), promovendo algumas situações de pancadarias, escândalos em boates, etc. Era freqüente suas faltas ou abandonos dos próprios shows. Encarava, talvez, alguns compromissos com a responsabilidade de uma criança. Levou uma vida desregrada, cheia de passagens pela polícia e com alguns inimigos acumulados durante os turbulentos 30 anos de carreira, mas pouco artista consegue ser tão atual e querido no cenário da MPB, afinal ele era o rei das festas. Onde ia, garantia o agito da balda e o carinho dos que o rodeavam.
Tim criou um novo estilo, uma música carioca e ao mesmo tempo pronta para tocar nas pistas de qualquer país, que pode fazer você chorar ou dançar ao mesmo tempo.
Sem querer estragar a leitura (que é contada de uma forma leve e envolvente), há alguns entre os inúmeros fatos que merecem comentários. Tim morou nos Estados Unidos e para sobreviver fez bicos numa pizzaria até enjoar do emprego e assaltar o próprio estabelecimento. Fez isso algumas vezes até ser deportado quando foi pego pela polícia americana fumando maconha dentro de um carro roubado.
Foi ele o autor da célebre frase: não fumo, não cheiro e não bebo, apenas minto um pouquinho. Aliás, o excesso dessa mentira o levou a óbito precocemente dia 15 de março de 1998.
Mas o cantor não viveu só o lado ruim da história. O livro também relata a amizade de Tim com Roberto e Erasmo Carlos, conta o ostracismo durante a Jovem Guarda, mostra sua real importância algumas vezes negligenciada pela crítica, fala sobre o estouro de hits como Azul da Cor do Mar e Primavera, da fase em que entrou para uma exótica seita e compôs o melhor álbum de todos, enfim, fala de um grande artista como ele realmente foi. Esse trabalho de Motta relata com certa veracidade e de uma forma prazerosa a história de vida de um homem que viveu muito e intensamente seus anos de loucura.

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