O deus a Mané Garrincha – a alegria do povo


Emílio Antônio Duva

Então Mané Garrincha e Elza Soares desembarcam na Europa, mais precisamente em Roma (Itália). Ambos representavam o Brasil culturalmente. Elza na musica, na ginga do samba e primordialmente na sua voz rouca - um espetáculo à parte. E Mané Garrincha, uma espécie de “embaixador” do futebol do passado.
O governo brasileiro pagava o aluguel do apartamento e uma renda extra para o casal. Um dia, porém, Elza cansou-se das homéricas bebedeiras de Mané, e o ex-atleta da vida “diplomática”.
A vinda definitiva para o Brasil foi iminente - bom para ela e uma desgraça para ele. A separação matrimonial, o esquecimento da mídia, dos poucos colegas, e dos “tapinhas” nas costas acelerou ainda mais a doença do alcoolismo naquele que um dia foi considerado, também, o melhor jogador de futebol do planeta. E o astro já cambaleante, se ferindo por dentro e por fora, foi se apagando. Até que na manhã de janeiro de 1983, já internado numa clinica, e envolto num lençol com a identificação de paciente: Manoel da Silva, o mundo enluta-se com a perda de Garrincha. O jornal The New York Times estampa a noticia. Na Itália os jornais também lhe prestam homenagens.
Morreu na qualidade de... indigente. Seu velório, realizado no Maracanã, foi conturbado. Algumas autoridades se fizeram presentes, pouquíssimos jogadores, ou ex, compareceram.
Hoje ainda cogita-se do seu busto erguido no Maracanã ser transferido para o Estádio Engenhão. Mas os familiares não aceitam esta infeliz idéia. Há 20 metros do seu modesto jazigo, em Pau Grande, a prefeitura local construiu um mausoléu para os seus restos mortais, e sua família também se posiciona contra esta nefasta idéia, argumentando que Mané era pessoa simples e nada de pompas inadequadas. Que Mané descanse em paz.
“Daqui 400 anos, quando falarem de futebol, falarão de Garrincha”. (João Saldanha, jornalista, técnico de futebol e comunista, graças a Deus)


BALADA Nº 7
Sua ilusão entra em campo no estádio vazio
Uma torcida de sonhos aplaude talvez
O velho atleta recorda as jogadas felizes
Mata a saudade no peito driblando a emoção

Hoje outros craques repetem as suas jogadas
Ainda na rede balança seu último gol
Mas pela vida impedido parou
E para sempre o jogo acabou
Suas pernas cansadas correram pro nada
E o time do tempo ganhou

Cadê você, cadê você, você passou
O que era doce, o que não era se acabou
Cadê você, cadê você, você passou
No vídeo tape do sonho, a história gravou

Ergue os seus braços e corre outra vez no gramado
Vai tabelando o seu sonho e lembrando o passado
No campeonato da recordação faz distintivo do seu coração
Que as jornadas da vida, são bolas de sonho
Que o craque do tempo chutou

Cadê você, cadê você, você passou
O que era doce, o que não era se acabou
Cadê você, cadê você, você passou
No vídeo tape do sonho, a história gravou

Nenhum comentário: