Ney Matogrosso está inclassificável


Carol Ortiz
cacal.ortiz@hotmail.com

Ele sempre foi a sensualidade em carne e osso. Trabalhando o movimento dos olhos, a risada maliciosa e o corpo escultural (que, pasmem, é de um senhor de 67 anos!), Ney está fechando a temporada do show Inclassificáveis, em São Paulo.
Pontual, com interpretações arrepiantes, cheio de fantasias, plumas e bijuterias, ele arrebenta nesse espetáculo. Percebemos que por trás de um grande e talentoso cantor, há um homem perfeccionista e muito preocupado com seu trabalho.
Sua platéia é a mais variada possível: desde senhores respeitáveis seguidos de suas senhoras impecáveis, até a nova geração que, sabe-se lá, algum dia encontrou um LP de vinil de Secos e Molhados na coleção do pai ou do tio, e descobriu um novo mundo. Gritos e mais gritos é muito comum: um público histérico e totalmente envolvido no seu jogo de sedução. Palavras como lindo, gostoso, tudo de bom, são o carro chefe dos elogios (e cá entre nós, ele nos enfeitiça completamente).
O repertório é bem variável: canta Cazuza, Barão by Frejat, Caetano, e muito mais. A cada música, uma troca sensual e debochada de roupa em cima de um sofá Pink na frente de nós, seu humilde e encantado público (é tudo de bom!).
Lá pelas tantas, ele desce do palco e se infiltra na platéia que, delirante, fica boquiaberta diante de tamanha atitude. Seus colares de pérolas e sua roupa brilhante e chamativa são possíveis de serem tocadas pelas mãos de simples mortais. Seu olhar sempre cheio de intenções cerca a todos, levando ao delírio coletivo. Uma gritaria sem fim.
Foram quase duas horas de show e, ao contrário do que alguns podem estar pensando, passa longe de qualquer cenário brega. Temos aqui um artista de grande porte, que merece a fama que realmente tem. Alem de sua simpatia, mostra a qualidade que só uma pessoa séria e responsável poderia ter.
A banda que o acompanha é simplesmente “inclassificável”, ultrapassando todas as barreiras do impecável. Este é um show que ainda continua em cartaz em São Paulo e, brevemente, deverá correr o sul do país. Quem tiver condições de apreciá-lo não deve deixar de ir. Mas, para quem acha esse um programa fora de mão, pode comprar o CD, que tem o mesmo padrão.
Inclassificáveis, um show para ficar na história.

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo texto, Carol. Ney é realmente um artista superlativo, completo, e nesse "Inclassificáveis", nos presenteou c/ uma performance abusada e inesquecível.