Eu e o futebol: Ele, o técnico

Emílio Antônio Duva


No futebol tratam o juiz de “ladrão”. O goleiro em fase deficiente, de “frangueiro”. O craque que de repente quer afastar-se de alguns jogos para alguns bels prazeres, taxam-no de “chinelinho”. Atacantes que não acertam o gol são uns “bondes”. E ele, o técnico de futebol, quando não acerta, para descontentamento geral da nação, é um “burro”, sem jamais ofender o bichinho.
Em época de Copa do Mundo, Todos nós, somos técnicos de futebol, mais do que perfeitos. Alguns... Perfeitos idiotas. Em São José do Rio Pardo pululam figuras atentas ao mister de treinar e dirigir modestas e amadoras equipes de futebol. Meu querido conterrâneo Zulli dirige uma. Certa vez, disputado um concorrido campeonato, ele possuía para a partida dificílima apenas onze jogadores. O goleiro e os dez na linha. Chega o dia, ou melhor, a noite do confronto. Mas ele, o técnico, decide colocar apenas 10 em campo, deixando um desconcertado reserva no apropriado e nem sempre aceito banco. Questionado o motivo da “decisão”, explicou: “É que o meu melhor jogador está trabalhando a estas horas e sairá lá pelas nove e meia, enquanto isso eu jogo com os 10 e não queimo uma importante substituição”. Coisas do futebol, coisas da vida.
Dizem que aquele exclamado reserva, hoje, é um tremendo pescador. Curte as noites e domingos em soberbas pescarias. Futebol? Para ele é coisa de um passado recente.

Nota do autor
Fica aqui registrado este fato inusitado. O meu carinho e respeito a Antônio do Carmo Zulli, batalhador técnico de futebol por estas bandas. Graças a ele, com indelével trabalho, levou Edson Boaro a treinar na Ponte Preta. Depois Corinthians, Palmeiras e Seleção Brasileira. Uma honra para nós. Querido Zulli, lá do céu você é aplaudido por este time: Renato de Freitas, Mando Sossai, Geraldinho do Pito, Ildefonso Apolinário, Onofrão Garcia, Donato Biaco, Joaquim da Santa Lúcia, Borneu Felisberto, Florentino Faria, Vitinho Celestino e Zé Baldo. Técnico de honra – Barão Torres.

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