CINEMA

Tropa de Elite: ação do início ao fim

“Tropa de Elite / Osso duro de roer / Pega um, pega geral / Também vai pegar você...”

Carolina Ortiz

Essa é a letra do refrão da música do filme que, segundo o letreiro inicial na tela, foi baseado em fatos reais da vida do capitão do BOPE, o Nascimento (ninguém mais do que Wagner Moura, dando um show de interpretação), que procurou um substituto para poder deixar o posto ao mesmo tempo em que dois amigos se destacam por serem policias honestos. Dirigido por José Padilha, o polêmico longa de 118 minutos é ação do início ao fim. É um filme interessante sobre a realidade do dia a dia da polícia civil e do BOPE. Pode-se dizer que vai de encontro com outro também filme brasileiro Cidade de Deus. Neste, a história é narrada sobre o ponto de vista de traficantes e da rapaziada do crime em geral. Já no atual Tropa de Elite temos a visão da polícia, mas não essa que a mídia escancara mostrando a sujeira, corrupção e envolvimento na vida do crime. A imagem que nos passa (a história é narrada o tempo todo pelo Capitão Nascimento) é de que há homens corajosos, fortes, capazes de enfrentar toda a violência psicológica e física, sobreviver com baixo salário e com a descrença da humanidade, só por amor a profissão, por acreditarem que merecemos viver num mundo mais belo. Ao final das quase duas horas no cinema, sentimos esperança de uma solução para a humanidade dentro do próprio homem. Nem tudo está perdido para nós! Há pessoas e pessoas sim, por mais estranho que seja ter um pensamento desses em pleno século XXI. Algumas curiosidades para quem deseja assistir ou já apreciou a narração: BOPE é a sigla de Batalhão de Operações Policiais Especiais; Tropa de Elite era, no início, um projeto de documentário que acabou virando o filme, mas para isso, José Padilha teve que entrevistar 15 policiais que narraram suas histórias, além de psiquiatras da PM e ex-traficantes; o tempo gasto em pesquisas para compor as personagens foi de 2 anos; em novembro de 2006 traficantes do morro Chapéu Mangueira, onde as filmagens eram feitas, seqüestraram parte da equipe que trabalhava no filme e roubaram as armas cenográficas: 59 delas eram réplicas e 31 verdadeiras, adaptadas para tiros de festim. As filmagens tiveram que ser paralisadas por quase duas semanas; existe o livro Tropa de Elite que foi escrito pelo ex-capitão do BOPE, Rodrigo Pimentel e pelo sociólogo Luis Eduardo Soares, mas, segundo Padilha, o filme não foi baseado nessa obra; finalmente, Tropa de Elite foi escolhido para a abertura do Festival do Rio 2007. Aos curiosos que forem assistir: boa diversão!

Curiosidades
Tropa de Elite era originalmente um projeto de documentário, derivado de Ônibus 174 (2002), tendo o BOPE como tema principal. BOPE significa Batalhão de Operações Policiais Especiais. Para preparar o filme José Padilha trabalhou dois anos em investigações com a colaboração do BOPE, psiquiatras da PM e ex-traficantes.